Desafios da comercialização de queijos artesanais

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História e tradição definem o queijo artesanal. Fonte de renda e sobrevivência econômica e do modo de vida de milhares de famílias em diferentes regiões do país, o produto movimenta a economia de pequenos municípios, mas ainda encontra gargalos para seu reconhecimento, fabricação e comercialização.

Para apresentar as dificuldades na legislação para queijos artesanais, produtores capixabas participaram do 1º Painel Rural, nesta quarta-feira (30), realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do ES e pelos Sindicatos Rurais – Sistema FAES/SENAR-ES/Sindicatos Rurais. O evento contou com a palestra do presidente da Associação Regional dos Produtores de Queijo da Canastra (Aprocan), João Carlos Leite.

Cerca de 400 produtores capixabas compareceram ao Cerimonial Itamaraty Hall, em Vitória, para aprender e entender como o cobiçado queijo da Serra da Canastra, em Minas Gerais, se tornou um artigo gourmet e com preço tão rentável aos produtores mineiros.

João Carlos Leite descreveu a trajetória dos produtores de queijo da Serra da Canastra, desde 2002 até alcançar a autorização para comercializar legalmente seu produto em todo o estado. E, segundo Leite, hoje a luta é para conseguir autorização para vender o queijo Canastra para todo o Brasil.

“Em junho de 2015, reunimos dez estados produtores de queijos artesanais do Brasil, montamos uma proposta de legislação e protocolamos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Nossa intenção é que o Governo reconheça que a produção artesanal de queijos com leite cru precisa de mudanças nos critérios de fiscalização, e que não podem ser tratados com o mesmo peso dos laticínios de médio e grande porte. As exigências da legislação devem estar de acordo com as características da produção”, frisou o palestrante.

Segundo o presidente da FAES, Júlio Rocha, “este foi o 1º Painel Rural, e o Sistema FAES/SENAR-ES/Sindicatos Rurais promoverá outros encontros, trazendo profissionais reconhecidos para tratar de assuntos relevantes para o setor do agronegócio do Espirito Santo”. Já a superintendente do SENAR-ES, Letícia Toniato, ressaltou que “a atividade leiteira no estado ocorre na maioria dos produtores rurais capixabas, e que a produção e comercialização de queijos artesanais é uma forma de melhorar a renda e a qualidade de vida dessas famílias”.

O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do ES (Idaf), José Maria de Abreu Júnior, ponderou a importância da parceria com o Sistema para desenvolver a agroindústria no estado, e informou que em um mês estará pronta uma nova legislação para regularizar agroindústria no Espírito Santo.

Pensando em apoiar o estado de Minas Gerais com a mobilização da Lei que está no Senado, e com foco no desenvolvimento dos pequenos produtores de queijo capixabas, a FAES reforçará o pedido de alteração da legislação, junto ao MAPA.

Queijo da Serra da Canastra
O queijo da Serra da Canastra é produzido há mais de 200 anos, carrega com ele muita cultura, história e tradição, por isso conseguiu o selo de indicação geográfica, com produção certificada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), sendo considerado como patrimônio imaterial do Brasil. Hoje possui admiradores, não só no Brasil, como em outros lugares do mundo.

Em Minas Gerais, segundo dados do IPHAN, cerca de 30.000 famílias vivem da produção de queijos artesanais, incluindo o da Serra da Canastra que se tornou um grande exemplo de empreendedorismo, organização, agregação de valor e construção de uma identidade regional a ser aprendido. O preço do quilo do queijo na região varia de R$ 35 a R$ 60.

 

 

Campo Vivo com informações de assessoria

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