O deputado estadual Josias Da Vitória (PDT) realizou audiência pública em Colatina, na última sexta-feira (8) e vai levar à bancada federal capixaba a discussão sobre a renegociação de dívidas dos produtores rurais do Estado que estão sofrendo com perdas por conta da estiagem.
Por conta da estiagem no Espírito Santo, os produtores rurais capixabas vêm sofrendo com a queda da produção e, em consequência, o aumento do endividamento financeiro. Para facilitar a vida dos produtores e não aumentar a queda de produção capixaba, o deputado Da Vitória realizou audiência pública na manhã desta sexta-feira no Ifes em Itapina, Colatina. Ao fim da reunião, o deputado resolveu enviar a ata aos dez deputados federais do Estado e os três senadores, além do Governador Paulo Hartung, solicitando uma reunião para discutir o tema.
“Através da Comissão de Agricultura da Assembleia, da qual sou membro, farei um encaminhamento das demandas colhidas nesta audiência e vou solicitar à bancada federal – os dez deputados e os três senadores – uma reunião para que possamos discutir o tema. Sei que a prioridade na bancada federal é discutir o rumo do país, que vive uma crise, mas não podemos deixar nossos produtores, que estão passando por dificuldade, de lado. Os agricultores estão sofrendo com a falta de água, com as perdas na produção e o aumento das dívidas”, ponderou Da Vitória.
A audiência contou com a presença de produtores rurais, sindicatos, cooperativas, federações e com cinco instituições financeiras que trabalham com financiamento rural: Banestes, Banco do Brasil, Sicoob, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. Segundo o deputado Da Vitória, a intenção da audiência é ajudar os produtores a saldar suas dívidas de forma rápida e com o menor impacto financeiro possível.
“Queria agradecer a presença do Banestes, Banco do Brasil, Sicoob, Caixa e Banco do Nordeste, que estão aqui e cada um tem suas regras de financiamentos para os produtores rurais. É uma ação que não está totalmente centralizada. Temos levado a Assembleia em todos os eventos, seja com produtor rural ou com prefeito. É um tema que nós podemos transigir na hora da votação do orçamento do Estado. Quem alavanca nosso Estado são os nossos produtores. Somos os campeões em produção de café e quando o Governo pode, tem que subsidiar, pode apoiar, ajudar os sindicatos, cooperativas, criar formatos para que as pessoas se associem, então, o Governo tem importância muito grande nisso. Nosso intuito é ajudar a esses produtores que tiveram prejuízos a voltar rapidamente a conseguir produzir”, ponderou Da Vitória.
Bancos e produtores conversam
Tantos as instituições financeiras quanto os representantes de sindicatos, cooperativas e federações ligadas aos produtores estão otimistas quanto a questão do refinanciamento das dívidas, mas preocupados com a situação da crise hídrica.
A representante da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Espírito Santo, Maria Emília, falou sobre as dívidas, mas mostrou preocupação quanto a utilização da pouca água existente atualmente.
“A diretoria da Federação está em Brasília participando da comissão de renegociação das dívidas da agricultura familiar. Todo esse processo está andando no Congresso. Alguns deputados e senadores do Nordeste também estão participando, pois a região também sofreu, mas acreditamos que nos próximos dias deva acontecer a votação. O Sul também sofreu recentemente. Acredito que a questão dívida será superada. A crise hídrica que me preocupa, como por exemplo, o café demanda de muita água. Então, precisamos de investimento na área para trazer novas tecnologias e ideias para que possamos irrigar com responsabilidade e sem desperdícios. A gente precisa neste momento discutir o problema da água. Temos muita burocracia para dar andamento nos processos”, enfatizou.
Do lado das instituições, Renato Scota, gerente geral da Caixa Econômica Federal de Colatina e que também é produtor rural, também enfatizou que acredita na rápida solução sobre as dívidas e também mostrou receio com a forma que se é realizada a utilização da água para irrigação no Espírito Santo.
“Não entendam os bancos como vilão. Estamos aqui para fomentar e ajudar no crescimento. Quando cresce as dívidas, o banco faz isso porque é obrigado a cobrar os juros. Todo dinheiro que é investido na agricultura, esse valor sai de algum lugar do banco e precisa ser reposto. Não é impossível de resolver. A dívida talvez seja o mais fácil e rápido, depende de algumas canetadas. Mas, a crise hídrica depende de todos nós. Boa parte desses investimentos de agricultura saem da caderneta de poupança e o cara que tem a poupança, quer seu dinheiro rendendo. Agora, temos que revez a utilização da água na agricultura aqui no Estado. Ainda vejo pessoas irrigando café pelo alto, até molhando estrada. Não podemos continuar desperdiçando água desta forma”, afirmou Scota.
Giovani Pagotto