A queda do rendimento da lavoura cacaueira, ao longo das últimas 30 décadas, teve como principal fator o manejo inadequado da cultura, que acabou contribuindo para a disseminação de doenças como a vassoura-de-bruxa, responsabilizada pela maior crise vivida pela atividade. A questão foi levantada nessa quarta-feira (12-09) pelos especialistas do Centro de Pesquisas da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Cepec/Ceplac), durante reunião da Comissão Nacional do Cacau da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizada no auditório da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), em Salvador.
Pesquisadores e técnicos ressaltaram, que, independentemente das causas do problema, só a recapitalização dos produtores pode reverter o quadro de crise do cacau. Análise do rendimento da lavoura foi apresentada pelo pesquisador Lindolfo Pereira e envolve todas as regiões produtoras de cacau em um período que vai de 1978 a 2006.
Segundo os estudos mostrados por Pereira, o rendimento caiu, em média, de 160 frutos por planta ao ano em 78 para 30 frutos por planta/ano, no ano passado. “Se uma planta perde rendimento, é sinal que ela não está sendo bem alimentada e com isso fica enfraquecida. Podemos imaginar isso do ponto de vista do ser humano: se ele está mal nutrido, fica mais vulnerável ao aparecimento de doenças. É o que aconteceu com o cacau em relação à vassoura-de-bruxa. O problema é que a vassoura foi uma doença oportunista que matou”, explica.
Ele explica que, para recuperar a lavoura é preciso investir no manejo adequado, com o uso das variedades resistentes, nutrição da planta, limpeza do terreno, combate à vassoura-de-bruxa e outras doenças, entre outros tratos culturais. Mas para isso são necessários os recursos financeiros, outro ponto de destaque da reunião presidida pelo Thomas Hatmann, membro da comissão, que representou o presidente José Mendes.
Na opinião de Hartmann, hoje, o principal problema dos cacauicultores é a falta de dinheiro para revitalizar as lavouras. “A recuperação do cacau depende única e exclusivamente da vontade dos governos. Não há como reerguer a cultura sem a ajuda governamental”, enfatizou. Além da questão da sanidade da lavoura, o encontro que reuniu cerca de 50 participantes tratou ainda das audiências públicas realizadas no mês de agosto na Câmara dos Deputados e no Senado.
A CNA tem um grupo exclusivo para tratar do endividamento de 24 culturas, entre elas o cacau, junto aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A proposta da CNA enviada ao governo federal pleiteia o pagamento da dívida dos produtores em até 20 anos, com prazo de carência de 7 a 8 anos, período que permitiria a recapitalização dos produtores. Outro assunto abordado foram os próximos passos da ação civil pública movida por 18 sindicatos rurais baianos contra agentes do sistema financeiro. A ação, protocolada no último dia 6, exige o recálculo das dívidas dos cacauicultores e a anulação das quatro etapas do Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira. As informações são da assessoria de imprensa da Faeb.
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