A produção brasileira de café para a safra 2008 deve ficar entre 41,3 milhões e 44,2 milhões de sacas de 60 quilos, de acordo com o primeiro levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No estimativa mais conservadora, o crescimento é de 22,4%; e na mais otimista, 30,9%, em relação ao ciclo 2007.
Do total a ser colhido no país, 76% dos grãos são do tipo arábica e 24% do robusta. Entre 5% e 10% do café colhido são considerados grãos de alta qualidade. Mas apenas cerca de 1,5 milhão de sacas são comercializadas como grãos especiais, com preços diferenciados, segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Mesmo com o crescimento da produção no Brasil, maior produtor e exportador mundial, os preços tiveram forte alta nas bolsas ontem, puxados por compras de fundos. Em Nova York, os contratos para maio fecharam a US$ 1,3815 a libra-peso, alta de 410 pontos. Em Londres, os contratos para março fecharam a US$ 1.966 a tonelada, elevação de US$ 15.
Analistas internacionais são céticos em relação às estimativas feitas pelo governo brasileiro. “Claro que o levantamento do governo serve como referência, mas sempre acrescentamos 10% a mais sobre a estimativa mais otimista”, disse um trader. No mercado internacional, os analistas trabalham com uma produção brasileira entre 46 milhões e 48 milhões de sacas.
No mercado interno, as previsões ficaram dentro das expectativas. Segundo Sérgio Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), os números da nova safra devem passar por uma correção nos próximos meses.
“Hoje o cenário global para café está apertado. O mercado global cresce a uma taxa média anual de 1,5%. No Brasil, em média 5% por ano. Os estoques mundiais estão baixos. E o mercado também leva em consideração que a partir de 2009 o Brasil terá novamente um ciclo de baixa”, afirma Carvalhaes, justificando o movimento de alta dos preços da commodity no mercado internacional. Contudo, a forte desvalorização do dólar sobre o real não tem estimulado os cafeicultores brasileiros a escoar sua produção.
Neste ano de 2008, a área de café em produção está estimada em 2,13 milhões de hectares, o que representa 92,6% da área total cultivada de 2,30 milhões hectares. Isso equivale a um crescimento de 1,68% em relação à safra anterior.
Minas Gerais mantém-se como maior Estado produtor de café do país, respondendo por 50,1% da produção nacional. O Espírito Santo segue na vice-liderança, com 23% do total. Minas é o maior produtor de café arábica no país e os capixabas são os maiores produtores de robusta.
No segundo semestre de 2007, o mercado esteve atento ao clima no Brasil. Um forte período de estiagem sobre as lavouras brasileiras, justamente no período de floração desses cafezais, gerou especulação de que a colheita poderia ser comprometida. Em Minas, a estiagem começou em março e se estendeu até meados de setembro e início de outubro. Mas as chuvas a partir de outubro ajudaram a reduzir o impacto negativo sobre os cafezais, sobretudo na região do Cerrado mineiro, onde o déficit hídrico foi compensado pelas áreas irrigadas.
Valor Econômico