O preço do leite ao pecuarista voltou a cair no país pressionado pela maior captação do produto devido ao período de safra. De acordo com levantamento da Scot Consultoria em 17 Estados brasileiros, o leite entregue em novembro pelos pecuaristas aos laticínios pago em dezembro teve queda de 3,07% sobre o mês anterior. O preço médio ficou em R$ 0,643 litro ante os R$ 0,664 de novembro.
Na comparação com o mesmo período de 2006, contudo, a cotação do leite ainda é 35,6% superior. Entre o início do ano e setembro passado, o leite só subiu, sustentado pela alta dos preços no exterior por causa da maior demanda e da oferta ajustada em vários países.
De acordo com Cristiane Turco, analista da Scot, a expectativa é de que as cotações tendam à estabilidade, mas ainda deve haver uma pequena queda no preço médio em janeiro. Ela observa que há um limite para o recuo, já que o custo de produção do leite subiu devido à alta na alimentação do gado.
Além disso, apesar de a captação de leite ainda subir no Sudeste, já começa a cair na região Sul, onde a safra se inicia mais cedo. A queda dos preços de produtos lácteos, como o longa vida, no atacado e varejo também pressionou o valor pago aos pecuaristas.
Conforme o acompanhamento da Scot, a cotação do leite longa vida no atacado em dezembro foi de R$ 1,29 o litro, abaixo dos R$ 1,34 do mês anterior, mas acima dos R$ 1,15 do mesmo período de 2006.
A queda do longa vida ainda é reflexo da fraude do leite, em outubro passado, quando a Polícia Federal descobriu que cooperativas mineiras adulteravam o produto com soda cáustica e água oxigenada. “O consumo foi afetado”, diz.
Não à toa, a maior queda de preços do leite pago ao produtor em dezembro foi em Minas Gerais de 5,22% para R$ 0,686 por litro, segundo a Scot.
No mercado spot (negociação entre indústrias), a cotação do leite também recuou, na média do país, em dezembro, para R$ 0,67 o litro, conforme a Scot. Em novembro, estava em R$ 0,69.
A maior queda também foi em Minas, de 5,51%. Mas o mercado spot ficou estável em Goiás e teve leve reação em São Paulo, o que pode sinalizar que o preço ao produtor pode estar perto de reagir ou de se estabilizar, avalia a Scot.
Valor Econômico