O reconhecimento oficial, anunciado ontem pelo Ministério da Agricultura (Mapa), de MS como área livre de febre aftosa com vacinação devolve ao Estado o acesso aos principais mercados nacionais, fortes compradores da carne bovina produzida em MS.
Embora as exportações sejam avaliadas como importante fator de influência para a pecuária estadual, os embarques diretos para outros países representam percentual muito pequeno do total de bovinos abatidos em MS. Na prática, os principais mercados da carne bovina sul-mato-grossenses são outras unidades da Federação, como São Paulo e Rio Grande do Sul, entre outros, que agora devem irrestritamente voltar a comprar as carnes de MS.
Em 2005, por exemplo, apenas 15,6% do peso morto total obtido com os bovinos abatidos no Estado foi exportado, diretamente por MS, a outros países. Naquele ano, mais de 84% da carne produzida nos frigoríficos com Serviço de Inspeção Federal (SIF) foi consumida internamente ou revendida a outras unidades da Federação, ou seja, enquanto o peso morto dos animais abatidos no Estado (em 2005) foi de 811 mil toneladas de carne, as exportações diretas do produto de MS alcançaram apenas 126 mil toneladas, o que evidencia que a diferença, de 685 mil toneladas de carne, foi consumida em MS ou revendida a outros estados.
Outro exemplo ocorreu em 2006, ano posterior à ocorrência dos focos de aftosa no Estado, quando as exportações de carne de MS representaram apenas 2,56% do total produzido nos frigoríficos locais. Ou seja, os frigoríficos de MS abateram 783 mil toneladas (peso morto), enquanto as exportações totalizaram apenas 20 mil toneladas.
Um estudo realizado por mestrandos em Agronegócios da UFMS comprova que na série histórica de 1996 a 2006, ou seja, em 11 anos, foram abatidos 35.766.585 bovinos nos frigoríficos com SIF de MS, que renderam o equivalente a carcaça (peso morto) de 8,2 milhões de toneladas de carne bovina produzida no período, sendo que as exportações diretamente realizadas por MS a outros países somaram apenas 350 mil toneladas – pouco mais de 4% de toda a carne produzida. O restante, quase 96% da carne, foi comercializado no mercado interno.
Na avaliação do superintendente federal de Agricultura em MS, Orlando Baez, o reconhecimento de MS como livre de aftosa pelo ministério era algo já esperado em decorrência dos trabalhos realizados nos últimos dois anos no Estado para eliminação do vírus de aftosa. Com isso, segundo ele, MS deve retomar imediatamente as remessas de carne para outros estados e o reconhecimento ministerial pode também favorecer a reabertura internacional para a carne brasileira. “Antes do episódio de aftosa, o Rio Grande do Sul, por exemplo, era um grande consumidor da costela bovina produzida em MS e, agora, deve voltar a comprar do Estado”, disse. O Estado continua, no entanto, impedido de revender carne para Santa Catarina, Estado considerado área livre de aftosa sem vacinação.
Correio do Estado – MS