As chuvas que começaram a partir do mês passado nas principais regiões produtoras de café são suficientes para garantir apenas de 70% a 80% da safra 2008/09. A estimativa do setor é que a estiagem prolongada tenha afetado a produtividade dos cafezais brasileiros.
“As floradas que já aconteceram são pequenas diante do esperado. Isso é decorrente da seca que se alongou por dois meses e meio , abortando frutos”, disse o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenez Abreu. “A expectativa é de uma perda na safra nacional de 20% a 30% em relação as estimativas iniciais; devemos colher apenas 40 milhões de sacas (60 quilos)”.O conselho estimava uma colheita de 52 milhões de sacas.
De acordo com Abreu, a região cafeeira mais prejudicada pela seca foi o Sul de Minas Gerais – a maior produtora da commodity no País. Com base em dados da Universidade Federal de Lavras (MG) e do Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), o presidente do CNC disse que a previsão é de queda de 40% a 40% na safra de café naquela região. Segundo ele, os cafezais do Sul mineiro deveriam colher entre 20 milhões de sacas. No entanto com a estiagem prolongada, a previsão é que a colheita da região fique entre 10 milhões a 12 milhões de sacas, segundo estimativas de Abreu.
A analista de café do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), Daiana Braga, afirma que a florada que despontou nas regiões produtoras começam a dar frutos e está em condições favoráveis, principalmente na Zona da Mata Mineira. Boa parte das floradas de arábica que abriu nos cafezais brasileiros já está começando a formar fruto.
Mas a analista do Cepea/USP não descarta queda de 10% a 20% na produção, principalmente no Sul de Minas Gerais. “Embora as floradas tenham sido consideradas satisfatórias na maioria dos cafezais brasileiros, uma quebra de safra é inevitável”, acrescenta. Na safra anterior, da temporada 2007/08, a região produziu entre 14 e 15 milhões de sacas de café, segundo a analista.
Já o diretor do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, diz ser cedo para fazer estimativas. “Vamos esperar até janeiro para ter dados melhores sobre a produção”, afirmou. “Sabemos que houve a florada. Mas a dúvida é se a vai vingar”, complementa.
Agentes do setor especulam que entre 10% e 20% da próxima safra (2008/09) já possa estar comprometida pelo impacto da seca. Entretanto, a analista do Cepea/USP diz que ainda há analistas de mercado que acreditam em uma boa produção, de até 50 milhões de sacas, que seria um recorde para o País. Já o presidente do CNC e o diretor do Escritório Carvalhaes não acreditam em uma colheita recorde na temporada 2008/09.
Gazeta Mercantil