A cesta básica subiu mais que o salário mínimo no ano passado. Análise feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que os alimentos essenciais tiveram alta nas 16 capitais pesquisadas. O aumento variou de 11,46%, em Curitiba, a 24,38%, em Aracaju. A expansão do salário mínimo (R$ 380) foi aquém dessas taxas e fechou o ano em 8,57%. Em Brasília, a cesta registrou crescimento de 12,44% e terminou o ano custando R$ 193,23.
Segundo Clóvis Scherer, supervisor regional do Dieese no DF, um salário mínimo comprava, no ano passado, 1,94 cesta básica. Em 2006, a proporção era ainda menor: 1,86. “Isso mostra que aumentou o poder de compra do trabalhador em relação ao ano anterior”, explica. Mas ainda não há razão para comemorar. Brasília ocupa o quinto lugar entre as cidades mais caras do país. “Se em todas as capitais a cesta continuar subindo, o salário mínimo pode perder seu poder aquisitivo”, alerta Scherer.
Dos 13 itens que compõem a cesta, apenas três apresentaram redução de preços em Brasília: tomate (-26,92%), açúcar (-22,46%) e arroz (-1,95%). A batata seguiu a tendência nacional e subiu 64,21%. “É uma recuperação da perda registrada em 2006”, explica Scherer. A carne, produto de maior peso, teve alta de 18,49% no ano passado. O valor do feijão disparou 44,44%. O mesmo aconteceu com o leite, que fechou o ano com crescimento de 21,27%.
Para adquirir os alimentos essenciais, o trabalhador de Brasília precisou trabalhar 111 horas e 52 minutos. Em João Pessoa, onde a cesta custava R$ 155,09 em dezembro do ano passado, era preciso trabalhar 89 horas e 44 minutos para garantir esse valor. Em São Paulo, cidade com o maior valor final dos alimentos essenciais, a jornada necessária para pagar os R$ 214,63 era de 124 horas e 16 minutos.
Correio Braziliense