Se depender das projeções para o campo, os agricultores e pecuaristas só têm a comemorar nos próximos cinco anos. Estimativas da RC Consultores apontam taxas de crescimento médias de 4,5% ao ano sendo que os produtores de carnes terão aumento superior em 2008 e 2009. O desempenho é melhor que os cinco anos anteriores, quando houve, inclusive, taxa negativa.
“O cenário internacional é favorável para o setor”, avalia o economista Fábio Silveira, da RC Consultores. Segundo ele, a perspectiva do uso de grãos para a produção de biodiesel tem elevado as cotações das commodities agrícolas, que devem se manter em patamares superiores aos históricos, além de o crescimento do consumo de proteínas, sobretudo nos países emergentes são os fatores determinantes para este otimismo. “No caso das carnes, o crescimento só não é maior por causa do protecionismo, colocado até por meio de barreiras sanitárias”, conclui Silveira.
Segundo ele, este é o principal entrave ao setor. Atualmente, o País não tem acesso a importantes mercados por questões sanitárias, apesar de boa parte do Brasil ser, por exemplo, livre de febre aftosa. Ele cita como protecionismo, além dos embargos recorrentes por condições sanitárias, os subsídios à produção na Europa e barreiras tarifárias.
Apesar dos fatores negativos, ele acredita que entre as carnes, as aves são as que tendem a ganhar mais espaço nos novos mercados, ou seja, os países emergentes. E, por isso, podem ter crescimento de produção superior à média. Segundo ele, além de ser uma carne ,mais magra é mais “adaptável” aos padrões de consumo das novos mercados.
“Há uma combinação favorável de mercado e externo, aliada `alta competitividade e, no caso da bovinocultura, um potencial de áreas de pastagem”, afirma. Pelas estimativas da consultoria, a taxa de crescimento entre 2008 e 2012 só perde para a registrada neste ano: 5,5%. Mas é bem superior aos cinco anos anteriores, quando chegou a registrar queda de 0,9%.
Pelas projeções da RC Consultores, a agricultura cresce nos próximos anos estimulada pelas cotações dos grãos. Desta forma, haverá aumento tanto de área quanto de produtividade – apesar de que ele disse ter sido conservador. As estimativas da empresa apontam para uma produção de 140 milhões de toneladas de grãos em 2008, chegando a 180 milhões em 2012. O cenário para a agricultura mostra ainda números surpreendentes para o milho – estimulado pelo uso do grão nos Estados Unidos para a produção de etanol. Enquanto a safra de soja passará de 58 milhões de toneladas para 80 milhões, a de milho sairá de 54 milhões de para 70 milhões, na mesma comparação. Por isso, pelas projeções de Silveira, em 2012 o País terá dobrado a exportação de milho, de 10 milhões de toneladas para 20 milhões de toneladas. Mais que a taxa média das exportações globais que, de acordo com o economista, deve crescer no mesmo ritmo do aumento da produção projetada para o período. Os patamares mais elevados das cotações dos grãos também vão elevar a renda do setor.
A consultoria indica uma receita de R$ 150 bilhões no ano que vem, ante a R$ 123 bilhões projetados para 2007.
Segundo os números da RC Consultores, o crescimento entre 2008 e 2012 será o maior dos últimos cinco anos, mantendo-se em taxas estáveis. Neste ano, a projeção é de 4%, mas chegou a minguados 0,8% em 2005.
“Outro fator que vai fazer a agricultura dinamizar é a expansão da frota de veículos flex”, afirma o economista. Pelas projeções da RC Consultores, a produção de álcool, por exemplo, passará de 18 bilhões para 25 bilhões de litros em 2012.
Gazeta Mercantil