Carne nacional reforça Olimpíada de Pequim

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A carne bovina brasileira ajudará a reforçar os estoques chineses durante a realização dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Segundo o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, a China fechou um acordo para importar grandes quantidades do produto, fato inédito nas relações comerciais entre os dois países.


 


Os cortes produzidos no Brasil ajudarão a compensar o aumento da demanda provocado pela chegada de delegações de atletas internacionais que não abrem mão da proteína animal para compor a dieta esportiva. Inicialmente, conforme adiantou o representante da CNA, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia e Acre estão autorizados a vender carne in natura desossada para os asiáticos. A previsão é que a China compre 300 mil toneladas. “Os estados aptos a exportar estão definidos. O Rio Grande do Sul já começou a embarcar”, disse Nogueira.


 


O Ministério da Agricultura informou que uma missão chinesa está no país para verificar as condições sanitárias de fazendas e frigoríficos, mas que, até o momento, nenhum acordo foi formalizado. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também não confirmou remessa alguma para a China. Entre janeiro e outubro, segundo dados da Abiec, o Brasil vendeu para a China 36 toneladas de carne in natura.


 


O próximo ano promete ser de consolidação para o setor pecuário exportador. Ainda escaldado pela crise da febre aftosa, que abalou os produtores em 2005, uma das principais metas é consolidar mercados recém-explorados. As últimas estimativas indicam que as exportações terão um salto de 15% em receita e 5% em volume. Em 2007, as vendas externas tendem a ficar em 1,6 milhão de toneladas, enquanto que o ganho financeiro deverá alcançar US$ 4,4 bilhões.


 


Pressão européia


 


Entre hoje e amanhã, a União Européia (UE) deverá divulgar um relatório desfavorável ao Brasil. Países como Reino Unido e Irlanda pressionam os líderes do bloco a intensificar as restrições ao produto brasileiro, que, segundo eles, não obedece regras mínimas de sanidade. Boa parte das barreiras sugeridas por esses países desenvolvidos deverá ser acatada, o que dificultaria a venda de carne brasileira para aquele que é considerado o melhor mercado do planeta, a UE.


 


Antenor Nogueira, da CNA, embarcou ontem para a França para tentar fazer a defesa dos exportadores nacionais. Para ele, as acusações são improcedentes. “Se alguém for a um frigorífico europeu nunca mais come carne. É uma imundície”, atacou. Nogueira afirmou que não sabe como os europeus vão substituir a carne brasileira. “Eles não têm de quem comprar”, completou.


 


O governo brasileiro acompanha a disputa com preocupação. O Ministério da Agricultura acredita que, com novas imposições dos europeus, menos frigoríficos do Brasil continuarão aptos a embarcar seus cortes. Isso, de acordo com análise de técnicos do setor privado, concentraria ainda mais o setor. Hoje, cerca de 30 plantas frigoríficas e aproximadamente 10 companhias estão autorizadas a exportar carne para a Europa.


 


Os produtores nacionais alegam que não existe qualquer problema ou suspeita de descontrole sanitário no rebanho de mais de 200 milhões de cabeças. A rastreabilidade, que está sendo implementada pelo governo e pelo setor privado, tem problemas, reconhecem os pecuaristas, mas está longe do que acusam os europeus. “É um problema de proteção de mercado, não sanitário”, resumiu Antenor Nogueira.


 


 


Correio Braziliense

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