Por conta da baixa remuneração com a cana-de-açúcar este ano, os plantadores independentes de São Paulo devem aproveitar a necessidade de renovação do canavial para migrar para grãos. Na atual safra – que se encerra no final de abril – a remuneração do plantador independente foi de R$ 35 por tonelada, queda de 32% em relação aos R$ 52 do período anterior.
De acordo com o presidente da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), Ismael Perina Júnior, é possível que muitos plantem soja, amendoim ou milho, na área de reforma e não voltem mais para a cana. “Isso deve ocorrer, principalmente, nas regiões menos tradicionais, como o Oeste e Nordeste de São Paulo”, diz.
A área estimada de reforma de canavial pela Orplana para este ano é de 160 mil hectares, dos quais metade obrigatoriamente precisa ter outra cultura plantada. Segundo ele, esta metade está passível de migração, mas Perina acredita que atingirá em torno de 20%, o que significaria uma superfície de cerca de 16 mil hectares.
“Não temos o cálculo de remuneração para a próxima safra, mas certamente, iniciaremos indicando valor semelhante ao da atual (R$ 35), abaixo do nosso custo de produção, que é de R$ 42 por tonelada”, explica Perina.
Sérgio Torquato, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura de São Paulo, afirma que essa migração é perceptível no estado. Está ocorrendo, principalmente, entre plantadores de áreas novas. Segundo dados do IEA, no ciclo passado, em torno de 400 mil hectares foram cultivados pela primeira vez com cana. “É provável que esses novatos migrem para os grãos, que estão com bons preços. A exceção são os que já firmaram contratos de arrendamento de cana (5 anos), que terão que arcar com o momento ruim da cana”, diz Torquato. Ele acredita que a reforma, que geralmente corresponde a 20% da área, pode representar um percentual maior.
Gazeta Mercantil