Café mexicano sofre sua pior crise em quatro décadas

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A queda nos preços internacionais, os problemas gerados pela ferrugem nos últimos três anos e o excesso de chuvas em 2015 levaram o México a viver uma de suas piores crises de produção de café pelo menos nas últimas quatro décadas, segundo dados da Associação Mexicana da Cadeia Produtiva de Café (Amecafé) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Por meio de dados do campo obtidos pela Universidade de Chapingo, o órgão estimou que a produção do ciclo de 2015/2016 seria de 2,216 milhões de sacas, o que significa uma queda de 41,8% com relação à colheita do ciclo anterior reportado pelo USDA.

“O México produzirá 4,3 milhões de quintais, que equivalem a 2,216 milhões de sacas de 60 quilos e nas as 3,3 milhões de sacas calculadas pelo Departamento de Agricultura”, disse o coordenador de operações da Amecafé, Pedro Rojo Machado.

Em meio a essa crise, o professor Cruz José Argüello, presidente da associação, disse que contabilizou 511 mil produtores, de forma que fazendo a média de produção, cada um produziria 4,33 sacas de café de 60 quilos.

Segundo números da Amecafé, nos últimos três anos a ferrugem afetou 80% dos hectares que produzem o grão com uma única variedade, o “Oro azteca”.

Em 2014 houve uma recuperação nos preços do café devido às secas no Brasil, o maior produtor do grão no mundo, o que junto com a ferrugem no México e na América Central, fizeram com que os preços aumentassem em mês em 57%, passando de 1,1465 para 2,2 dólares.

Porém, um valor maior na produção global de café do que o estimado pelas consultoras na colheita de 2014/2015, graças a um maior rendimento do Vietnã e do Brasil, jogaram os preços para extremos.

Agora, o preço de 1,15 dólares por libra no mercado internacional e um volume tão baixo na produção mexicana receberam um alívio pela desvalorização do peso, já que 60% da produção de café no México é exportado e 40% é consumido domesticamente.

Apesar da queda no preço do café em 2015 de 25%, a paridade cambiária reduziu essa perda para 10,2%.

O principal consumidor do grão mexicano é os Estados Unidos, que compra cerca de 60% do que é exportado. O resto é consumido pela Austrália, Holanda e Japão, entre outras nações.

Esse ano, a Sagarpa e os produtores de café chegaram a um acordo para importar mudas de maior resistência contra a ferrugem, o que beneficiará o campo mexicano ante a queda da produção em todos os estados cafeeiros do país, como Veracruz, Oaxaca ou Puebla, os mais prejudicados.

Em Chiapas, existe uma recuperação de 20% para esse ciclo, mas a perda até o ano passado era de 80% dos cultivos, disse Argüello.

As mudas serão usadas para a criação de viveiros, que, quando estiverem prontos em aproximadamente quatro anos, começarão a substituir a variedade anterior. O atual grão, Oro azteca, não tem propriedades defensivas contra doenças, nem contra o clima. “No México, estamos 25 anos atrasados nas pesquisas genéticas do grão de café”, disse ele.

Em termos globais, a produção do ciclo que começou em outubro e terminará no próximo mês de setembro deverá ser de 152,651 milhões de sacas de 60 quilos, ou seja, o equivalente a 2,54 milhões de toneladas, uma recuperação de 4,37% após a queda nos últimos dois anos.

Frente a esse dado, o México somente representará 1,47% do que se produz no mundo, enquanto que o maior produtor, o Brasil, fornecerá um terço de toda a produção global com 49,4 milhões de sacas, seguido por Vietnã, com 29,3 milhões de sacas.

 

 

CaféPoint

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