Cacaueiros exigem permanência de órgão federal no Estado

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Produtores de cacau do Espírito Santo estiveram na Comissão de Agricultura, nesta terça-feira (29), para exigirem a permanência no Estado da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) do Ministério da Agricultura, com sede em Linhares. O órgão federal tem importante papel na pesquisa e combate à praga vassoura de bruxa que afeta as plantações cacaueiras capixabas há mais de uma década e apoio tecnológico ao setor. 
 
A Ceplac atende 42 dos 74 municípios produtores de cacau no Estado, segundo Elpídio Francisco Neto, gerente da Ceplac. No Espírito Santo há 932 produtores que cultivam cacau, sendo que 68% são da agricultura familiar. A área atual de produção ultrapassam os 22 mil hectares. O cacau tem a característica positiva de ser perene e conviver com outras culturas como a seringueira e a grande variedade de palmeiras. 
 
A produção cacaueira capixaba é a única no país a ter uma área georreferenciada denominada Certificação de Indicação Geográfica Linhares, onde se produz com critérios de sustentabilidade ambiental e qualidade, colocando o cacau entre os melhores do Brasil e com reconhecimento internacional, de acordo com informações de Maurício Buffon, presidente da Associação Cacaueira de Linhares (Acal).
 
Crise do setor
 
A crise da produção do cacau em todo o país teve início quando o governo federal, em 1984, retirou a taxa de 10% da produção destinada ao próprio setor. Esses recursos geridos pelo Ceplac garantiam a infraestrutura logística para a produção cacaueira, por exemplo, construindo estradas para o escoamento do produto, explicou Emir Macedo Gomes Filho, presidente da Cooperativa dos Produtores de Cacau do Estado do Espírito Santo (Coopercau).
 
Para flagelar o setor, em 2001, foi descoberta a presença da vassoura de bruxa, praga que vem dizimando as plantações.  Emir de Macedo relata que há pesquisas desenvolvidas pela Ceplac para combater a vassoura de bruxa. Foram criados coquetéis para que a produção possa continuar, mesmo com produtividade menor, visto que a praga, até o momento, não sofreu combate suficiente para ser eliminada. 
 
Num momento de crise, a extinção da Ceplac só vai aprofundar as dificuldades do produtor. Segundo o presidente da Coopercau, o Espírito Santo ficaria subordinado à regional federal da Bahia. 
 
Apesar da crise, Emir de Macedo demonstra otimismo, tendo em vista as perspectivas para o setor, que, segundo ele, são ótimas e o consumo de chocolate só tem aumentado. “O que é urgente são recursos para investir no setor”, afirmou.
 
Para Aureliano Nogueira da Costa, representante da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), é preciso preservar as instituições de ciência e tecnologia no Estado e a cadeia produtiva do cacau, tentando compensar a escassez de recursos.
 
Propostas
 
Agricultura_29032016_baixa_ReinaldoC(2).JPGA deputada Eliana Dadalto (PTC) defendeu a permanência da Cepalc no Estado e se propôs a agir junto ao governo estadual e à bancada federal capixaba para unir forças com o intuito de evitar que o Espírito Santo fique dependente de uma regional sediada na Bahia.
 
Padre Honório (PT) enfatizou a necessidade de formação no campo para que os projetos ganhem consistência e permanência. Destacou o papel do Incaper nas atividades de pesquisas e apoio ao campo e lembrou que é preciso valorizar o papel dessas instituições. 
 
Raque Lessa (SD) sugeriu que seja escrito um documento robusto que expresse a preocupação debatida na reunião para ser encaminhado aos deputados federais chamando a atenção para as questões que envolvem o setor cacaueiro no Estado. 
 
Para a presidente do colegiado, deputada Janete de Sá (PMN), seria uma grande perda para o Estado a extinção da gerência da Ceplac. “É preciso a participação do setor e a união com as instituições para evitar que isso aconteça”, acrescentou. 
 
Janete propôs que seja realizada uma sessão solene para marcar os 100 anos da cultura do cacau no Estado, homenageando trinta destacados produtores capixabas. Sobre o documento proposto pela deputada Raquel Lessa, Janete defendeu que seja denominada “Carta de Linhares”, assinada por todos os parlamentares capixabas, a ser entregue ao Ministério da Agricultura. 
 
Além da presidente Janete de Sá, compõem a Comissão de Agricultura, Silvicultura, Aquicultura e Pesca, de Abastecimento e Reforma Agrária, os deputados Padre Honório (PT), vice-presidente; e os efetivos Raquel Lessa (SD), Eliana Dadalto (PTC), Freitas (PSB). São suplentes os deputados Erick Musso (PMDB), Nunes (PT), Da Vitória (PDT), Sandro Locutor (Pros), Marcos Bruno (Rede).
 
 
 
 
 
Aldo Aldesco/Web Ales
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