O cacau, fruto que até o final da década de 1970 era desconhecido pelos agricultores de Iconha, no Sul do Estado, hoje ocupa a quarta atividade agrícola no município, ficando atrás apenas do café, da banana e do leite. Em potencial expansão, grande parte dos produtores da região comercializa o cacau em grãos para o mercado interno brasileiro.
De acordo com dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Iconha possui 50 hectares de cacau distribuídos entre 130 agricultores que cultivam o fruto. O chefe do escritório local, Fábio Dalbom, explica que a expectativa é de crescimento da área plantada na região.
“De todos os agricultores, 60 tem levado a atividade um pouco mais a sério nos últimos anos. A principal variedade é o Parazinho, tradicional da região, mas com o apoio de novas variedades produtivas resistentes à vassoura de bruxa, praga que atingiu as lavouras no Norte do Estado. Temos boa expectativa da melhoria da produtividade e qualidade do cacau”, explica.
Um dos fatores que impulsionam a perspectiva de crescimento de área plantada no Sul do Estado é a conciliação da planta com outras culturas, como as produções de café e banana, típicas do município. Um dos produtores que aliam o cacau ao cultivo da seringueira é José Manoel de Castro.
A cacauicultura surgiu como uma alternativa para ocupar toda a área agrícola da propriedade. “O cacau vive bem com a sobra da seringueira e isso está dando um excelente resultado. Veio como a cereja do bolo na qualidade de vida da minha família”, disse o produtor, que começou com 400 pés de cacau e hoje possui mais de quatro mil plantas espalhadas nos dois hectares.
Castro revela que quando começou o cultivo, em 2009, assim como os pequenos produtores da região, enviava caminhões de amêndoas para serem beneficiadas em Linhares.
Além de produzir o fruto, que era comercializado in natura, em amêndoas secas, Castro foi estimulado a produzir o chocolate. “A ideia de beneficiar o cacau e fazer chocolate surgiu depois que fui chamado para ir ao salão do chocolate na França. Percebemos que os nossos cacaus ficaram tão bem classificados como os de outros países”.
Os chocolates artesanais, feitos na pequena fábrica do produtor, são comercializados em barras, ovos e em pó em cidades como Cachoeiro de Itapemirim, Piúma e Vitória. “Nosso objetivo é produzir e colocar à disposição do consumidor um produto orgânico de qualidade, diferenciado”.
Cacau é cultivado em 40 cidades do Estado
Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a cacauicultura ocupa uma área aproximada de 23 mil hectares, distribuídos em 40 municípios. Linhares, no Norte do Estado, lidera a produção com mais de 87% da área total.
Mas, de acordo com o Gerente de Agroecologia e Produção Vegetal da Seag, Aureliano Nogueira da Costa, o Sul do Estado é uma área em potencial. Tanto que recentemente, foi integrado ao programa Cacau Sustentável, criado em 2012 pelo órgão. No ano passado, o município de Iconha recebeu três mil mudas de cacau.
“A implantação das novas lavouras são feitas com materiais genéticos mais tolerantes à vassoura de bruxa. Além da distribuição de mudas nas área em expansão, como é o caso do Sul, estamos substituindo os materiais susceptíveis pelos mais tolerantes e mais produtivos”.
Gazeta Online