Brasil pode ter selo de boas práticas

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A moda pegou e veio para ficar. Cada vez mais produtores têm buscado certificações para vender seus produtos, sobretudo aquelas voltadas à exportação. Os números ainda são incipientes, mas crescem em ritmo acelerado, como no caso da pecuária de corte. Até o ano passado não havia bovinos com certificação Eurepgap. Hoje são mais de 100 mil. O selo, que começou com hortifrutis no Brasil, por exigência do varejo europeu, agora também se estende para os grãos. A primeira fazenda no mundo a receber a certificação fica em Nova Mutum (MT). Fala-se inclusive de o varejo brasileiro também criar um selo de boas práticas de produção e socioambientais. Além da garantia da exportação, quem tem Eurepgap vende com prêmio de até 5%, dependendo do produto.
“Queremos garantir a abertura de mercados devido à pressão internacional na Amazônia”, diz Anderson Souza Figueiredo, gerente de Desenvol-vimento Sustentável do Grupo Vanguarda. Segundo ele, não basta apenas plantar árvore para fugir da pressão de desmatamento. Em sua avaliação, é preciso também para a obtenção do selo, boas praticas de produção, que incluem cuidados com os trabalhadores. A empresa, a primeira no mundo a certificar milho e soja, tem 30 mil hectares com selo Eurepgap – de um total de 200 mil hectares. Além dos grãos, o grupo pretende incluir a pecuária bovina e suína, transformando a cidade “em um piloto de uma região de desenvolvimento de econegócios”, segundo Figueiredo. A fazenda também quis se antecipar a uma exigência que entra em vigor em 2009, quando toda ração terá de ser certificada para que o animal tenha o selo Eurepgap.
De acordo com dados da própria Eurepgap, fornecidos pelo Instituto Genesis, uma das certificadoras credenciadas no Brasil, a maior área com o selo é destinada à soja, seguida pelo milho e melão. As frutas predominam a certificação no Brasil, que conta também com fazendas de café, produção de aves e bovinos. Em número de propriedades, a liderança é da uva, seguida pela lima e pelos frangos.
“É a principal certificação do agronegócio”, diz Marcelo Holmo, diretor-executivo do Instituto Genesis. Segundo ele, a quantidade de associados à Eurepgap tem quase dobrado a cada ano. Hoje no Brasil atuam 19 certificadoras – nacionais e internacionais.
De acordo com Holmo, além da exigência européia existem normas equivalentes em 20 países, inclusive a China, o Japão e nações da América Latina, como a Colômbia, o Chile, o México e o Uruguai. Ou seja, no momento em que um produtor está se adequando à Eurepgap, também estará cumprindo as exigências de outros mercados. Segundo ele, no Brasil há a intenção da cadeia da carne bovina criar uma norma – Triploa – junto a supermercados. Em termos oficiais, quando o governo criou o programa de Produção Integrada de Frutas (PIF), pensou-se em algo semelhante, mas não ocorreu.
O mais recente produto neste mercado é a bovinocultura. Faltava a garantia de insumos (ver matéria abaixo). A partir do momento em que a indústria de ração se certificou, os pecuaristas aderiram. Segundo dados oficiais, são mais de 100 mil animais em 60 fazendas e um número quase igual a este esperando por certificação. Não só produtores entraram, mas também frigoríficos, como é o caso do Bertin, que tem duas fazendas credenciadas. Segundo a indústria, com a certificação, “a empresa agrega mais valor ao seu produto e ganha mais um diferencial na Europa, hoje, um dos seus principais mercados”.
O produtor Antonio Carlos Prata Garcia, da Fazenda Água Clara, em Santo Inácio (PR), foi o primeiro no País a obter a certificação. São 2 mil bovinos na propriedade. Ele investiu cerca de R$ 8 mil para conseguir o selo e acredita que o retorno deverá vir em seis meses, com o bônus de 3% sobre o preço da arroba. Há quase três anos ele buscava a certificação, obtida no final de 2006. Segundo Garcia, além da remuneração maior, ele conseguiu também uma melhor gestão da propriedade – uma vez que entre os requisitos da norma estão controles financeiros, entre outros. Entre as adaptações necessárias, ele cita o treinamento dos funcionários e o acompanhamento administrativo da propriedade.


 


 


Gazeta Mercantil

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