Boi gordo no Brasil vale mais que o da concorrência mundial

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O preço do boi gordo brasileiro é hoje um dos mais altos do mundo. Em novembro, a cotação, em dólar, foi superior a dos vizinhos do Mercosul e à Austrália, seu principal concorrente. Em relação aos Estados Unidos, a diferença, que era de 56% no início do ano, agora é de 42%. Analistas de mercado acreditam que os valores ascendentes do animal podem tirar a competitividade da indústria brasileira, líder mundial em volume e em receita. Cerca de 33% das exportações globais do produto saem do Brasil.


 


Em novembro, a média do preço da carne brasileira foi de US$ 41,24 a arroba (15 quilos), apenas inferior a dos Estados Unidos. Ontem, já eram US$ 43 em São Paulo. Foi justamente no mês passado que o preço interno do gado se valorizou mais.


 


Tradicionalmente, o produto era entre 5% e 20% mais barato que o uruguaio, por exemplo, e também menor que o australiano. Isso porque muitos dos concorrentes brasileiros têm acesso a mercados que o País não tem.


 


Os altos preços, que transformaram a geografia dos principais exportadores de carne, se devem ao câmbio e à valorização da arroba do preço do boi. De janeiro a novembro, o dólar desvalorizou 16,05%. No mesmo período, o boi gordo teve um acréscimo de 35% em suas cotações (em reais).


 


“A arroba, em termos mundiais, está elevada, mas a diferença brasileira em relação aos demais diminuiu”, diz Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Segundo ele, essa valorização pode tirar um pouco da competitividade brasileira, mas não deve diminuir drasticamente as vendas do País, apesar de atrapalhá-las. Rosa afirma que os resultados financeiros dos último trimestre dos frigoríficos já demonstram esta perda, com o aumento das vendas internas – porque este mercado está pagando mais. Desde julho que as exportações brasileiras estão em queda, mas com aumento no acumulado do ano.


 


“Mas não vamos ser ultrapassados por outro país”, acredita. Segundo ele, a diferença, em volume entre a Austrália e o Brasil é quase o equivalente à Argentina, cerca de 500 mil toneladas.


 


José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP, ressalta que, sempre que se compara em dólar há a questão cambial – que varia conforme o país. Ele acredita que o real tenha se valorizado mais que a moeda australiana. Apesar disso, ele avalia que o País possa perder um pouco de competitividade. No entanto, Ferraz acrescenta que os custos brasileiros ainda são mais baixos. Em média, são a metade dos europeus e entre 20 a 30% inferiores aos dos Estados Unidos e Austrália.


 


Para Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, o reflexo deste preço brasileiro em


dólar acima de seus concorrentes pode ser pequeno porque a disponibilidade de carne nestes países é baixa. “Se todos os importadores deixarem de comprar do Brasil não encontrarão os mesmos volumes nos concorrentes”, afirma.


 


Ele acredita que os frigoríficos brasileiros aumentarão os preços do produto. Em outubro o valor médio da tonelada foi o mais alto da história: US$ 3,1 mil.


 


Gazeta Mercantil 


 

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