Depois de bater recorde no ano passado, as exportações brasileiras de carne bovina podem recuar em 2008, admitiu Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec). No ano passado, as vendas externas somaram 2,525 milhões de toneladas (equivalente-carcaça), alta de 5,1% sobre o ano anterior. A receita em 2007 foi de US$ 4,418 bilhões, um aumento de 12,6% ante 2006, segundo a Abiec. Os números se referem às carnes in natura e industrializada.
Pratini avalia que, neste ano, os volumes exportados podem ser até 3% menores ou 3% a 4% maiores que em 2007. A receita com os embarques, porém, deve seguir em alta. A perspectiva é de um avanço entre 8% e 10% sobre o ano passado, já que os preços devem seguir firmes.
Um recuo nos embarques é possível, segundo Pratini, por causa da melhora na demanda no mercado interno num momento de menor oferta de gado bovino. Além disso, as restrições européias à carne brasileira também devem afetar as vendas no primeiro trimestre deste ano. “Haverá um deslocamento das vendas para o mercado interno, há menor oferta de gado e as novas regras da UE (União Européia) podem provocar redução das exportações para lá”, enumerou.
No fim de 2007, a UE determinou que o governo brasileiro faça uma lista das propriedades que estejam aptas a fornecer animais para abate e exportação ao bloco. Na avaliação do presidente da Abiec, vendas menores para a UE poderão ser compensadas pelo próprio mercado interno brasileiro e por vendas a outros países. “O próprio mercado interno absorve parte disso . Há outros mercados que estão comprando carne de melhor qualidade, como Rússia, Hong Kong e Cingapura”, disse.
Pratini também aposta em novos mercados, como a China, que deve comprar carne brasileira ainda neste trimestre, segundo ele. Fábricas já estão habilitadas, agora faltam visitas técnicas e definição de cotas. Há ainda a Rússia, que em 2007 comprou 50% mais carne bovina do Brasil, e que deve habilitar novas plantas exportadoras, disse.
Ele voltou a criticar as restrições da UE à carne bovina brasileira, que já provocam alta de preço do produto em países europeus. “Na Europa, o consumidor vale pouco”, alfinetou, destacando que as altas de preços começam a chegar às gôndolas do varejo naquele continente. Pratini reconheceu que deve faltar boi rastreado no Brasil para atender às exigências dos europeus, outro fator para elevar os preços.
Novamente, o presidente da Abiec acusou a UE de utilizar, de forma “abusiva”, normas sanitárias para atender interesses comerciais de seus países. A Comissão Européia decidiu restringir o produto brasileiro após forte pressão de pecuaristas irlandeses e ingleses, que vinham reclamando da competição com a carne bovina brasileira.
Valor Econômico