Um dos problemas que tem se abatido sobre as lavouras capixabas de café nos últimos meses, a cochonilha, atinge principalmente as lavouras com até 3 anos de idade. É o que explica Cleir Lecco Bertazo, engenheiro agrônomo da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi). O ataque às plantas mais jovens se deve às galhas encostadas no chão, que são a porta de entrada para o problema, ou seja, aumentam a chance do inseto subir para a planta.
Segundo a Coopeavi, com exceção da região montanhosa do Espírito Santo, todas as outras sofrem com essa praga. “O impacto dela na lavoura é direto na produção, pois a cochonilha ataca o grão de café, podendo derrubar até 100% dos frutos”, afirma Bertazo. Depois que ela se instala na planta, o controle é muito mais difícil, porque cada fêmea tem capacidade de botar 250 ovos ou mais e ela fica entranhada na roseta dos grãos, dificultando assim a chegada do defensivo até o problema.
Para fazer o controle da cochonilha é preciso combate-la antes que o inseto chegue ao galho do cafeeiro. Uma das possibilidades indicadas pelo engenheiro agrônomo é o uso de defensivo via solo, antes da florada do café. “O aroma das flores chama a atenção dos insetos para se fixarem no local onde serão formados os grãos de café. Se o controle preventivo não for realizado de forma correta e a praga se fixar na planta, é necessário realizar um trabalho de diminuição da população dela na lavoura com pulverização de produtos fitossanitários, que não acabará 100% com ela, mas reduzirá a quantidade a cada pulverização. O ideal é fazer o controle preventivo”, pontua.
O produtor Moises Vazzoler Pazini, de Aimorés no Leste de Minas Gerais, região próximo a Baixo Guandu (ES), também teve sua lavoura atingida pela praga. “30% da lavoura se perdeu. Existem pessoas que dizem que perderam a metade e outra até mais da metade da produção. Ano passado, com a seca absurda, veio ácaro vermelho e por final infestação de cochonilhas. Triste, mas dias melhores virão”, pondera o cafeicultor que atualmente não é associado a nenhuma cooperativa.
Melhores épocas para prevenir e combater a cochonilha
Em áreas de maior incidência, um dos pontos cruciais é se atentar ao calendário. “O ideal é aplicar (o produto) no solo no mês de junho, mas geralmente os produtores aplicam no mês de agosto. Inclusive, esta aplicação mais tardia oportunizou esta proliferação gigantesca nas lavouras capixabas”, afirma Bertazo.
A demora somada aos problemas climáticos que abateram o estado resultou em preocupação para os produtores. “Com o estresse hídrico vivido no nosso estado, a planta liberou as flores antecipadamente, logo nas primeiras chuvas após a colheita, momento que o produtor ainda não tinha realizado o controle. Isto facilitou a subida dos insetos para a planta e está comprometendo as últimas colheitas. Dependendo do nível do ataque, a cochonilha pode derrubar todos os grãos, gerando um prejuízo gigantesco ao produtor”, alerta engenheiro agrônomo.
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