A agropecuária continua liderando a economia brasileira em 2015, apesar das dificuldades conjunturais. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agrícola não terá crescimento este ano, tendo em vista a retração econômica enfrentada pelo País, com inflação em alta, aumento substancial do desemprego e da instabilidade política. Porém, a participação da agropecuária no PIB saltou de 21,4% para 23%.
Enquanto os outros setores da economia fecharam 900 mil vagas de emprego, o setor agropecuário mantém os bons índices de produtividade, graças aos elevados conhecimentos tecnológicos utilizados na produção brasileira, que asseguraram saldo positivo de quase 75 mil vagas de emprego, de janeiro a outubro. Estima-se uma colheita de grãos de quase 210 milhões de toneladas, na safra 2014/2015, crescimento de 8,2% em comparação com a safra do biênio anterior, conforme projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, considera que os números demonstram a pujança da agropecuária brasileira. Segundo ele, o crescimento da “produção de grãos no País tem sido uma associação entre o respeito do produtor à preservação do meio ambiente e os elevados índices de produtividade do setor agrícola brasileiro”.
A agropecuária foi o mais dinâmico setor exportador, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo. A desvalorização do real frente ao dólar contribuiu para tornar o produto brasileiro ainda mais competitivo no mercado externo. A expectativa é que o volume de produtos do agronegócio exportado confirmem recordes em 2015, com aumento de até 17%. Além disso, a participação do agronegócio nas exportações passou de 43% para 48%, consolidando o setor como o líder nas vendas externas. Produtos florestais, soja e milho destacam-se entre as cadeias produtivas com bom desempenho.
Entretanto, a queda nos preços internacionais das commodities tem afetado a receita de comércio exterior do setor. Em 2015, as vendas externas do agronegócio brasileiro devem apresentar valor 8% abaixo do verificado em 2014, atingindo US$ 89 bilhões. Para os segmentos como leite, ovos e suínos, por exemplo, a perspectiva é de leve queda. As dificuldades econômicas enfrentadas pelo País, aliadas à queda nos preços das commodities e à instabilidade da moeda brasileira, são determinantes para essa redução.
Contudo, apesar das dificuldades, 2015 foi marcado por significativo avanço no acesso a mercado para alguns produtos. Países de importância econômica como Estados Unidos, Rússia, Argentina, África do Sul e Japão retiraram embargos ou começaram a importar produtos brasileiros, como lácteos, carnes bovina, suína e de frango e farinha de carne. O que reforça, ainda mais, o papel fundamental do setor nas exportações brasileiras.