Agricultores no mundo da informática

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As mãos são calejadas por anos de trabalho e suor ao cabo da enxada. Parecem desajeitadas para lidar com teclado e mouse. Aos poucos, porém, os agricultores perdem o medo e aprendem a dominar a máquina. O computador deixa de ser um bicho de sete cabeças. Passa a ser apenas mais uma ferramenta, tão importante quanto enxada e trator, para os pequenos produtores rurais.


 


Diante da tela, as reações são as mais variadas possíveis: “Olha a cooperativa no computador”. “Nunca tinha colocado a mão num trem desses”. “Me confundo com esse negócio de botão direito e esquerdo”. O receio inicial, no entanto, aos poucos transforma-se em confiança. O simples ato de abrir uma página na internet é motivo de comemoração para os participantes do curso de informática para membros do Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (Cresol).


 


Essas pequenas conquistas são acompanhadas de perto pelo gerente de comercialização da Secretaria Municipal de Agricultura, Wagner Caberllin, instrutor do curso. As aulas semanais são no Caic Dolly Jess Torresin, na Zona Sul. Terça-feira passada foi o primeiro dia de aula da agricultora Maria Santa Barison Pieroli, 53 anos, proprietária do Sítio Ouro Fino, no Distrito de São Luiz (Zona Leste de Londrina).


 


“Estou acostumada a lidar com o computador para o trabalho da igreja. Escrevo textos e arquivo fotos. Mas a internet ainda não chegou na minha propriedade”, contou Maria Santa, que é integrante do Conselho Fiscal do Cresol. Ela quer aprender a buscar informações úteis para a administração da propriedade na rede mundial de computadores.


A sitiante esbanja otimismo. A informática, antes considerada um “bicho de sete cabeças”, agora é um enigma que não assusta mais e pode ser desvendado com “um pouco de prática.” “Quem não sabe computação hoje é praticamente um analfabeto”, compara.


E é para combater o chamado analfabetismo digital que a Cooperativa e a Secretaria decidiram organizar as aulas. Os alunos já participam do curso de Gestão da Propriedade e da Cooperativa, no qual perceberam a importância de um domínio maior da informática.


Esse domínio deve permitir ao presidente do Cresol, Daniel Moreira Dias, 52, arrendatário do Sítio Paraíso, em São Luiz, a substituição das “montanhas” de caderninhos de contabilidade pela armazenagem virtual de dados. Uma facilidade para quem controla os números da propriedade “na ponta do lápis.”


“Do sítio não saem nem entram nem dez centavos sem passar pela minha contabilidade no final do dia. Sou considerado um expert da caneta”, afirma Dias, que pretende aprimorar a gestão da propriedade, um exemplo de diversificação de culturas.


O cardápio da produção inclui leite, milho, soja, trigo, arroz, mandioca, bovinos, suínos e aves, tanto para consumo próprio quanto para comercialização. A contabilidade da propriedade rural é complexa, tanto que Daniel Dias diz que até já está pensando em comprar um notebook.


O curso conta com 15 participantes e deve estender-se até o final do ano. O diretor de Abastecimento da Secretaria Municipal da Agricultura, Paulo Gonçalves da Silva, afirmou que após a “familiarização” dos produtores com o computador, um novo módulo pode ser criado já em 2008. “Talvez com aulas sobre programas como o Excel, que pode ser usado para elaboração de planilhas de custos, por exemplo”, indica.


 


 


Folha de Londrina

           

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