A quebra da safra européia fez com que o Brasil embarcasse volume recorde de milho em agosto: 1,2 milhão de toneladas. Até mesmo a Alemanha, que desde 2003 não comprava o grão brasileiro, precisou do produto. Com isso, as estimativas de exportação do cereal foram revistas para cima. O melhor mês da história em volume comercializado – nos maiores preços já vistos – fez as vendas antecipadas da commodity avançarem: cerca de 1 milhão de toneladas da safra que não foi plantada já está negociada, o dobro do registrado há duas semanas. O fato de o País não ter o grão geneticamente modificado é que estaria incrementando estas vendas. Com isso, o Brasil exportará um volume recorde de milho: 10 milhões de toneladas. O maior embarque havia sido em 2004: 5,97 milhões de toneladas.
“Todos os dias estão saindo negócios novos”, diz o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Segundo ele, antes da entrada forte da Europa no mercado brasileiro – movimento que começou no final de julho, devido à quebra de produção naquele continente-, os preços praticados ficavam entre US$ 165 a US$ 180 a tonelada – agora estão em US$ 200 a tonelada. Com isso, a consultoria reviu de 7 a 8 milhões de toneladas para 9 a 10 milhões de toneladas o volume embarcado no ano-comercial do grão (fevereiro a janeiro). A produção da Europa caiu de 55 milhões de toneladas para 48 milhões de toneladas, por isso a procura pelo produto brasileiro. Como o prêmio do grão do Brasil subiu, Molinari diz que alguns tradicionais compradores, que não exigem não-transgênico estão procurando outros mercados. Mas mesmo assim, ele acredita que a demanda européia vai possibilitar o aumento das vendas superior a esta possível perda.
Em julho o País já havia embarcado volume recorde de 1 milhão de toneladas e a estimativa é que até novembro, os embarques fiquem em torno de 800 mil toneladas em cada mês.
“O Brasil surge como alternativa agora para entrega imediata porque os Estados Unidos estão em entressafra e a Argentina já comprometeu quase todo seu milho”, diz Leonardo Sologuren, da Céleres. Segundo ele o fator de o País ter safrinha é que tem possibilidade o acesso a este novo mercado, já que há disponibilidade de grão. Apesar desta demanda, a consultoria ainda projeta exportação de 8 milhões de toneladas.
“Além de ter milho para exportar, o Brasil está recebendo um prêmio acima da média”, avalia Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP. Segundo ele, este diferencial fará com que o País embarque volume superior ao estimado anteriormente pela consultoria – de 7 milhões de toneladas.
Carlos Cogo, da Consultoria Agroeconômica, diz que quem tinha de fazer negócio, aproveitou agosto, pois a tendência é que a cotação em Chicago comece a cair a partir da entrada da safra dos Estados Unidos, no início de outubro. Ele lembra, no entanto, que nos últimos dias o prêmio para o cereal brasileiro caiu – é de US$ 40 a tonelada. E acrescenta que o preço no mercado interno parou de subir, apesar de acumular alta de 19,5% no mês e estar 11,3% mais elevado em Chicago.
Gazeta Mercantil