O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) confirmou ontem que 111 bovinos estão isolados no oeste de Mato Grosso por estar com suspeita de varíola. A doença, que é transmitida ao homem, pode ter contaminado 93 vacas e 18 bezerros de propriedades leiteiras do município de Fiqueirópolis D´Oeste, a cerca de 400 quilômetros de Cuiabá.
O Instituto notificou na semana sete fazendas e tomou as medidas de praxe como isolamento do rebanho e também do trânsito de animais na região, colhendo amostras do soro sangüíneo que foram enviadas ao laboratório Lanagro, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Pernambuco. O presidente do Indea/MT, Décio Coutinho, faz questão de dizer que a possibilidade da doença não interfere de modo algum nas avaliações que técnicos da Europa iniciaram nesta semana para avaliar a sanidade animal do rebanho mato-grossense. “Não há riscos de perda de mercado e nem de contaminação. A doença, apesar de ser pouco registrada no Estado, é considerada corriqueira em bacias leiteiras”.
Ainda como forma de tranqüilizar a população, Coutinho explica que o leite extraído da região não traz riscos à saúde pública, pois o produto é pasteurizado, um processo que elimina qualquer vírus e bactéria.
O município sob suspeita integra a bacia leiteira do município de Araputanga (380 quilômetros ao oeste de Cuiabá) e possui um rebanho de pouco mais de 124 mil cabeças. O Estado tem uma população bovina de mais de 26 milhões de animais.
Coutinho explica que caso a doença seja confirmada não há necessidade de abate dos animais doentes, pois a varíola bovina tem tratamento com medicação específica e o animal se recupera em cerca de duas a três semanas. “Não é nenhuma doença excepcional. Não temos casos mais freqüentes porque nossa bacia leiteira é considerada pequena, ao contrário de Minas Gerais, por exemplo, estado que se destaca na produção nacional de leite”.
O presidente explica ainda que além de encaminhar as amostras, que terão resultados em cerca de 30 dias, o Indea/MT está realizando um estudo epidemiológico para descobrir a origem da possível transmissão e quais as melhores opções de combate à doença. Entre uma das ações a serem demandas pelo estudo, poderá ser a vacinação sistemática dos animais, tanto da região, quanto do Estado ou de região que for considerada suscetível à doença. Pelo desenvolvimento dos trabalhos de coleta de dados, Coutinho acredita que até sábado os epidemiólogos do Indea/MT cessem esta etapa da investigação e que até o final da semana haja conclusão da análise sobre as notificações.
A DOENÇA – Coutinho explica que a doença se manifesta principalmente em fêmeas e nos bezerros que estão ao pé da vaca (que mamam). A varíola bovina é caracterizada por lesões nas tetas e na boca dos bezerros que mamam em animais doentes. Já no homem a doença se torna visível a partir de lesões nas mãos, braço e antebraço, após período de febre que pode durar até três dias.
Coutinho destaca que a doença tem um ciclo vicioso. “O produtor se contamina na hora da ordenha, vai tirar leite de outros animais e carrega consigo o vírus. Felizmente há vacina contra a doença e tratamento”. Ele alerta ainda que em função das lesões, as tetas ficam doloridas e isso ocasiona perdas na produtividade da fêmea.
Diário de Cuiabá