Técnicos da pasta admitem que ainda há muito a se esclarecer no campo técnico sobre o motivo que levou o principal país importador de carne do frango do Brasil a barrar os frigoríficos. Os sauditas ainda não divulgaram um posicionamento oficial e a embaixada do país em Brasília vem evitando declarações.
Segundo técnicos consultados pelo Valor, não houve alegação de problemas sanitários por parte dos sauditas, como é comum em episódios de suspensões como essa. Isso reforça a tese do ministério de que a razão para as desabilitações tem fundo comercial.
No momento, fiscais do Ministério da Agricultura ainda se debruçam sobre o relatório da última auditoria realizada pelos sauditas no Brasil em outubro, quando oito plantas de aves e três de bovinos foram inspecionadas pelos sauditas.
Já se sabe que apenas uma dessas auditadas — a unidade da BRF em Lajeado (RS) — está na lista dos estabelecimentos desabilitados. Após a inspeção saudita, 25 unidades foram autorizadas a exportar.
Uma fonte a par do assunto avalia que as negociações também devem demorar a engrenar. A embaixada brasileira em Riad, capital da Arábia Saudita está em transição. Amanhã será o último dia de Flávio Marega como embaixador.
Na manhã de hoje, aliás, o perfil do jornal saudita Al Riyadh no Twitter publicou uma foto de uma audiência entre Merega e o rei Salman bin Abdul-Aziz al-Saud. A despedida de Marega era a pauta da audiência. Não está claro se as restrições à carne de frango foram abordadas na audiência.
O posto de Merega será transmitido a Marcelo Dela Nina, que está deixando a função de ministro-conselheiro na embaixada do Brasil em Pequim e tem uma trajetória ligada a comércio exterior e assuntos econômicos dentro do Itamaraty. Dela Nina, contudo, só deverá assumir no fim de fevereiro.
Além do atraso resultante do processo de transição na embaixada, o adido agrícola do Brasil na capital saudita, Marcelo Moreira, está de férias. Na semana que vem, Moreira estará de volta e deverá ter a primeira reunião com autoridades do serviço veterinário saudita.
Nas conversas com o setor privado, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi instada a visitar a Arábia Saudita o mais rápido possível para tratar do assunto, mas ainda não há uma previsão para tal visita.
Avisite