O especialista no setor florestal, Marcelo Schmid, alertou que “a propagação de informações imprecisas sobre o setor florestal – seja por falta de informação, precaução ou estratégia comercial – pode levar alguns compradores da madeira brasileira a rever suas parcerias comerciais em nosso país”. Segundo o sócio-diretor da Forest2Market do Brasil, empresa que possui um banco de dados único, atual e exclusivo de transações entregues e uma infraestrutura abrangente de coleta de dados, mesmo produtos cultivados a milhares de quilômetros da Amazônia podem ser prejudicados por sua origem brasileira. “Na verdade, a grande maioria da produção madeireira no Brasil é oriunda de madeira que foi plantada e colhida, sem um centímetro quadrado de desmatamento”, ele ressalta.
Segundo análises do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e da Forest2Market do Brasil, a participação da madeira oriunda da floresta amazônica é muito pequena no mercado brasileiro. Apenas 10% da madeira em toras produzida no país é oriunda de florestas nativas, como a Floresta Amazônica, enquanto 90% vem de fato de florestas plantadas. Na realidade, a produção de madeira oriunda de floresta nativa no Brasil vem decrescendo fortemente ao longo dos anos e sendo substituída pela produção de madeira de florestas plantadas.
Produção de madeira de florestas nativas X florestas plantadas nos últimos 10 anos
*Carvão, lenha, madeira em tora e nó-de-pinho
**Carvão, lenha e madeira em tora
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), adaptado por Forest2Market do Brasil
Setor florestal no Brasil contribui para a conservação do meio ambiente
O segmento de florestas plantadas, na verdade, é um dos que mais contribui para a conservação do meio ambiente entre os segmentos do setor primário. “Para cada hectare de florestas plantadas para fins produtivos no Brasil, o segmento conserva 0,7 hectares de floresta nativa, um percentual muito acima da obrigação legal. O setor representa 6,1% do PIB industrial nacional, é responsável por 3,7 milhões de empregos, pela geração de R$ 11,5 bilhões em tributos e pela conservação ambiental de 5,6 milhões de hectares”, afirma Marcelo. Além disso, segundo o especialista, dos 7,8 milhões de hectares de pinus e eucalipto plantados no país, 5,8 milhões de hectares (74,4%) possuem algum tipo de certificação socioambiental que atesta que a madeira ali produzida segue preceitos rígidos de governança ambiental, social e técnica. A madeira produzida no Brasil e que hoje abastece dezenas de países é um exemplo reconhecido mundialmente de indústria sustentável, porém, os alertas recentes sobre o desmatamento da Amazônia podem comprometer esse reconhecimento.
“Aquele que chamamos de ‘madeireiro’ é, na maioria das vezes, um produtor de madeira, vinculado ou não a um empreendimento industrial de base florestal”, explica Marcelo.. “Ora, sendo a floresta a sua fonte de suprimento e renda, seu interesse não é a destruição do ambiente, mas a perpetuação desta fonte de matéria-prima, por meio da exploração sustentável da floresta”, destaca o especialista.
Marcelo chama a atenção para os problemas gerados pela falta de informação a sociedade brasileira sobre o assunto, mas ressalta que o problema ultrapassa fronteiras: “Essa falta de conhecimento é ainda maior fora do país, onde o entendimento da geografia brasileira e seus biomas, do setor primário e seus produtos, da Amazônia e das políticas públicas nacionais voltadas à gestão ambiental nacional, é praticamente nula”, avalia.
Com informações de assessoria