Novo ministro tem proximidade com o agronegócio
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou nesta quarta-feira que pediu demissão do cargo, em meio a críticas sobre a política ambiental do país e investigações sobre sua conduta à frente da pasta.
“Eu vim anunciar que apresentei ao presidente da República [Jair Bolsonaro] e ele já aceitou e foi publicado o meu pedido de exoneração do cargo de ministro de Estado do Meio Ambiente. Cargo esse que muito me honrou o convite e eu desempenhei da melhor forma possível ao longo de dois ano e meio“, disse Salles.
“Eu entendo que o Brasil, ao longo deste ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa ter uma união muito forte de interesses e de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido”, disse. “Eu serei substituído pelo secretário Joaquim Álvaro Pereira Leite, que também tem muita experiência e conhece todos esses assuntos”, afirmou.
Salles não respondeu perguntas. O agora ex-ministro citou ações da sua gestão e afirmou que seguiu a orientação do presidente Jair Bolsonaro de procurar o “equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente“. Ele disse ainda que em seu tempo no ministério buscou o “respeito” ao setor privado, ao agronegócio, ao produtor rural brasileiros e aos empresários. O ministro é alvo de investigação por favorecer madeireiras.
INVESTIGAÇÃO
No dia 19 de maio, a Polícia Federal deflagrou busca e apreensão em endereços ligados a Salles e ao Ministério. A ação teve como objetivo , segundo a PF, apurar crimes corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando. Os delitos teriam sido praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
A operação, batizada de Akuanduba, foi deflagrada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Eis a decisão (636 kb).
A decisão judicial ainda determinou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles. A casa do ministro do Meio Ambiente, na região central de São Paulo, o imóvel funcional que ele ocupa em Brasília e um gabinete da pasta no Pará estão entre os endereços visitados pelos agentes da PF. Somente 19 dias depois da operação, Salles entregou o seu celular à PF.
Ex-conselheiro de entidade ruralista substitui Salles no Meio Ambiente
Ex-conselheiro de uma das principais entidades ruralistas do país, a SRB (Sociedade Rural Brasileira), Joaquim Álvaro Pereira Leite será o substituto de Ricardo Salles no comando da pasta do Meio Ambiente depois do pedido de demissão apresentada pelo agora ex-ministro nesta 4ª feira (23.jun.2021). A troca foi publicada no DOU (Diário Oficial da União).
Leite já ocupa cargos de confiança no Ministério do Meio Ambiente desde 2019, quando era diretor do Departamento Florestal. Atualmente, era responsável pela Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável da pasta, que deu lugar à nova Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais.
O ex-conselheiro da SRB ficou na entidade por 23 anos, de janeiro de 1996 a julho de 2019. É formado em administração de empresas pela Unimar (Universidade de Marília) e tem MBA pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).
Joaquim Alvaro, segundo o currículo disponível no site do ministério, é formado em administração de empresas pela Universidade de Marília (SP) de 1991 a 1995. O documento também registra MBA Executivo no Insper, de 2004 a 2006.
O novo ministro tem proximidade com o agronegócio. Seu currículo tem um vínculo de 23 anos com a Sociedade Rural Brasileira. Foi conselheiro de 1996 até sua entrada no Ministério do Meio Ambiente, em 2019.
Também tem experiências profissionais ligadas à produção de café. Ainda, segundo o currículo, trabalhou com manejo florestal na MRPL Consultoria. Leia a íntegra do currículo (123 KB).
O novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Alvaro Pereira Leite, passou a trabalhar para o governo federal em 2019. Naquele ano, começou a ocupar cargos no Ministério do Meio Ambiente de Ricardo Salles, a quem substituiu nesta 4ª feira (23.jun.2021). A troca foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) nesta tarde.
Ele ocupava o cargo de secretário da Amazônia e Serviços Ambientais desde abril de 2020. Antes, a partir de julho de 2019, foi diretor do Departamento de Florestas da Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável da pasta.
Fontes próximas à pauta ambiental ouvidas pelo Poder360 afirmaram que sua gestão deverá ser parecida com a de Salles. O presidente da República, Jair Bolsonaro, demonstrava satisfação com o trabalho do ex-ministro.
“Ele é uma pessoa ligado a bioeconomia. Conhece bem o mercado de carbono e concessões florestais. Pode fazer um bom trabalho. Não sei se terá força”, declarou o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista.
Reuters