O Conselho Nacional do Café (CNC), o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniram, ontem (05), com representantes internacionais e locais da Rainforest Alliance para dar sequência ao debate sobre a necessidade de ajustes na Norma de Agricultura Sustentável 2020 para as realidades das regiões produtoras de café do país.
A reunião foi motivada pela ação organizada no último mês pelo CNC, com apoio de Cecafé e CNA, que resultou no envio de uma carta das entidades ao presidente do Conselho da Rainforest Alliance, Daniel Katz, solicitando a abertura de diálogo com as regiões produtoras brasileiras.
“Expusemos que os cafeicultores estão perdendo o interesse no programa de certificação da Rainforest Alliance, pois entendem que as exigências são irreais e dificultam o controle de pragas e doenças dos cafezais, podendo gerar perdas significativas de produtividade”, revela o presidente do CNC, Silas Brasileiro. “Isso anula o valor da certificação e inviabiliza o cultivo de café em algumas regiões”, completa.
Conforme ele, a entidade solicitou que, enquanto não houver alternativas de controle validadas, eficazes e acessíveis, capazes de preservar os níveis de produtividade, a Rainforest Alliance observe a decisão das autoridades nacionais responsáveis pelo registro de defensivos agrícolas.
“Com base em procedimentos científicos de avaliação de risco, as autoridades brasileiras atestam que as moléculas são seguras para uso agrícola, sob medidas de mitigação de riscos, como o uso de equipamentos de proteção individual, o respeito ao período de aplicação para não impactar as populações de polinizadores, entre outras”, explica.
Os representantes da certificadora informaram que a norma publicada é global e reconhecem a necessidade de ajustes às realidades de cada país e produtos cultivados, mantendo o equilíbrio entre as dimensões econômica e ambiental da sustentabilidade. Eles pontuaram, ainda, que esses ajustes serão realizados em todos os países.
No Brasil, a Rainforest Alliance contratou um time de consultores para avaliar questões específicas de manejo de cada cultura certificada, apontando se existem alternativas viáveis aos defensivos proibidos na norma global. O primeiro resultado dessa pesquisa será discutido com representantes das regiões produtoras, cooperativas, universidades, entre outros atores da cadeia produtiva. Após o recebimento desses subsídios, serão realizadas as adaptações necessárias para a aplicação da nova Norma no Brasil.
“Consideramos que essa pesquisa contratada pela certificadora será uma oportunidade positiva para o efetivo engajamento das regiões cafeeiras na discussão da norma, visando sua adequação à realidade do campo. Esse diálogo é fundamental e, sem dúvida, foi deficiente durante o processo anterior de consulta pública, por isso estamos enfrentando essa discussão agora”, analisa Brasileiro.
O presidente do CNC conta que o Conselho, o Cecafé e a CNA participarão dessa pesquisa e facilitarão os contatos com seus associados e as regiões produtoras. “Nosso intuito sempre foi o de buscar um processo inclusivo e que impacte positivamente a oferta de cafés certificados pelo Brasil”, finaliza.
CNC