A partir de uma análise comparativa entre agroecologia e capacidade de uso das terras, verificou-se estreita relação entre eles, como norteadores para o desenvolvimento da agricultura sustentável. Em muitos casos, o uso de uma área não é conduzido de forma compatível com o potencial dos agroecossistemas, resultando em problemas de degradação dos solos e a consequente perda de competitividade do setor agrícola, além da deterioração da qualidade de vida da população.
Conforme os autores da análise, os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Lauro Pereira e Marco Gomes, “a Agroecologia deve ser entendida como ciência ou um conjunto de conhecimentos e métodos que permite estudar, analisar e avaliar agroecossistemas dentro de princípios da sustentabilidade”.
A agroecologia busca, portanto, uma agricultura alicerçada na manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola, com o mínimo de impacto ao meio ambiente, melhor compatibilização entre as atividades produtivas com o potencial dos agroecossistemas, redução no uso de insumos externos e não renováveis, com potencial danoso à saúde ambiental e humana, satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda e atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
Quanto ao Sistema de Capacidade de Uso das Terras, por sua vez, refere-se a uma metodologia de classificação de terras em capacidade de uso para atender a planejamento agrícola e, em especial, às práticas de conservação do solo. Trata-se de uma classificação técnica, ou interpretativa, onde as terras são reunidas em categorias hierarquizadas, estabelecidas com base nos tipos de intensidade de uso (grupos), no grau de limitação (classes), na natureza de limitação (subclasse) e nas condições específicas que afetam o uso ou manejo da terra (unidades de capacidade de uso).
“Sob a ótica agroecológica, a classificação das terras no sistema de capacidade de uso se reveste de grande importância, visto que historicamente sua ocupação tem ocasionado problemas ambientais, decorrentes não só do uso indevido de áreas frágeis, mas também da sobre utilização (uso do solo acima de sua capacidade produtiva)”, explica Lauro.