A União Europeia (UE) ameaçou embargar exportações de frutas cítricas brasileiras após rechaçar oito contêineres com limão este ano. As cargas de limão tahiti continham frutas com cancro cítrico, foram embarcadas em Santos (SP) e entrariam no bloco econômico pela Inglaterra. A doença, uma das principais da citricultura, é comum no Estado de São Paulo, mas não existe na Europa e é considerada uma ameaça à produção do continente, principalmente na Espanha e na Itália, maiores produtores locais de laranja e tangerina.
As exportações de limão tahiti e a União Europeia praticamente dominam as vendas externas de frutas cítricas frescas do Brasil. Entre janeiro em julho deste ano, as exportações de limão movimentaram 68,58 mil toneladas e US$ 64,15 milhões, 84% do volume total de 81,70 mil toneladas de todos os citros comercializados e ainda 93% do faturamento, de US$ 68,73 milhões no período.
Para a União Europeia, foram exportadas 60,45 mil toneladas de limão tahiti, com uma receita de US$ 57,24 milhões nos primeiros sete meses de 2016.
Após a comunicação oficial das autoridades sanitárias do bloco econômico e depois de uma teleconferência com representantes do Ministério da Agricultura, técnicos da Pasta e da Secretaria de Agricultura de São Paulo enquadraram produtores do interior do Estado. Na semana passada, equipes dos dois governos fizeram ações de rastreabilidade das frutas e de fiscalização nas packing houses, armazéns utilizados entre a colheita e a exportação e citros.
Por conta dos preços remuneradores pela venda do limão tahiti na UE, produtores se descuidaram da questão sanitária nas exportações e enviaram frutas já com sinais iniciais de cancro como, por exemplo, lesões nas cascas. “Pelas fotos que nos mandaram fica claro que o fruto já saiu daqui com cancro. Houve uma precipitação por conta do preço do limão e não houve o cumprimento das regras”, disse uma fonte do Ministério da Agricultura.
Já o superintendente federal da Agricultura em São Paulo, Francisco Jardim, afirmou que o número de rechaço de cargas exportadas – oito contêineres entre 1.058 enviados desde o início do ano – pode parecer pequeno, mas supera em muito o limite tolerável pela UE, de até cinco cargas rejeitadas por ano. “Não pode ter rechaço se o sistema funcionar direito e não foi isso que aconteceu”, alertou Jardim.
De acordo com o superintendente do Ministério da Agricultura no Estado, assim que houve a comunicação por parte da UE, houve uma reunião prévia com os exportadores, a qual antecedeu as vistorias feitas nas packing houses.”Alguma coisa está errado e, por isso, estamos auditando todo o processo”, afirmou. “Com o rastreamento, vamos identificar responsáveis técnicos, chamá-los para conversar e, se for o caso, até retirar autorização para a exportação”, concluiu Jardim.
Estadão Conteúdo