A vassoura de bruxa ainda cobra um preço alto daquela que foi a maior região produtora mundial
A doença que derrubou a cacauicultura no Sul da Bahia pode ter servido para praticamente acabar com os coronéis do cacau, mas deixou um rastro de devastação que não beneficiou milhares de pequenos produtores e coletores que emergiram com o modelo (um pouco) mais justo de relação sócio-empresarial que veio depois.
A vassoura de bruxa ainda cobra um preço alto daquela que foi a maior região produtora mundial da amêndoa da qual se faz o chocolate. Mas pode estar com os dias contados.
O Laboratório de Genômica e bioEnergia (LGE), da Unicamp, após 20 anos já compreende mais a fisiologia do fungo de origem amazônica.
“Selecionamos alvos moleculares para combatê-lo e comprovamos a efetividade do bloqueio de alguns desses alvos e desenvolvemos drogas específicas para isso”, explica o chefe do LGE, Gonçalo Pereira.
Ainda hoje poucos fungicidas funcionam.
A equipe do Programa de Genoma, avançando nos trabalhos de modelagem molecular, descobriu que existia no mercado uma molécula muito parecida com a desenvolvida no laboratório.
Com os testes em viveiros, aqui com a condução do cientista Ricardo Castro, Pereira se entusiasma com o “extraordinário” resultado.
Na avaliação da equipe, o Brasil está próximo de vencer a vassoura de bruxa, e tentar recuperar o terreno perdido na década de 1980.
Nesse período, era segundo maior produtor mundial (atrás de Costa do Marfim) com mais de 20% da market share global, em torno de 450 a 500 mil toneladas de cacau.
A doença chegou em 1989, não foi controlada a tempo, e a produção despencou para pouco mais de 240 mil toneladas em 2020.
Além de emprego e renda, a esperança que o cacau traz também é ambiental. Produzido em sistema de agroflorestal, ajuda a preservar a Mata Atlântica.
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