Os governos de Costa do Marfim e Gana estão considerando acabar com os programas de sustentabilidade e certificação das lavouras de cacau promovidos pelas indústrias da cadeia do chocolate enquanto buscam garantir o sucesso do novo programa de apoio financeiro governamental aos agricultores da região. Os dois países fornecem dois terços do cacau que é utilizado por todas as empresas de chocolate do mundo.
Em comunicado conjunto, o Conselho do Café-Cacau da Costa do Marfim e o Conselho do Cacau de Gana anunciaram que estão reexaminando “todos os programas de sustentabilidade e certificação para a safra 2019/20” e que anunciarão uma “firme decisão sobre a continuidade ou descontinuidade de todos os programas” no encontro setorial que ocorrerá em duas semanas em Berlim, promovido pela Fundação Mundial do Cacau.
Os dois países decidiram, em julho, adotar um diferencial de renda para os produtores, de US$ 400 por tonelada, que serão acrescidos ao preço do cacau negociado na bolsa de Londres a partir da safra 2020/21, que começa em outubro do próximo ano. Em conjunto com o diferencial de preço, Costa do Marfim e Gana definiram um preço mínimo de US$ 2.600 a tonelada – 70% será garantido pelos dois governos.
Segundo os órgãos dos dois países africanos, “alguns compradores” de cacau mostraram “forte comprometimento” com o novo sistema de aquisição da matéria-prima. Muitas indústria e traders, porém, têm questionado o efeito da nova política de preços que os dois países querem implementar, afirmando que o estabelecimento de um preço mínimo.
Em sua defesa, os governos marfinense e ganese argumentam que “enquanto o diferencial de renda foca na vida de todos os produtores de cacau, sem exceção, os programas de sustentabilidade sendo implementados pelas marcas afetam apenas poucos produtores selecionados”.
Valor Econômico