Seca afeta lavouras e faz produtor rural abandonar a vida no ES

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Foto: Raquel Lopes / A Gazeta

Foto: Raquel Lopes / A Gazeta

A crise hídrica que afeta o Espírito Santo está prejudicando moradores e produtores. Por causa da pouca água e da dificuldade de irrigar a lavoura, em Cascatinha do Pancas, interior de Colatina, Noroeste do Espírito Santo, tem produtor deixando a terra para recomeçar a produção em outro estado.

Marcos Loosi perdeu mais de 90% da produção de café. Das 89 sacas colhidas em 2015, neste ano, ele conseguiu apenas oito. Sem água para tentar reconstruir a plantação e sem alternativa, ele, a mulher e o filho vão deixar o Espírito Santo. A família está com as passagens compradas para Alta Floresta do Oeste, em Rondônia, para o dia 30 de julho.

“A água até para beber está difícil. A gente vai abandonar aqui e tentar reconstruir a vida lá, não estamos indo por vontade, mas por necessidade. Quem sabe um dia a gente volta. Lá eu irei plantar café junto com parte da família que se encontra na cidade”, disse Marcos.

Na comunidade, muitos outros produtores estão perdendo a plantação de café . O produtor Geraldo Butzlaff Filho chegou a produzir cerca de 300 sacas de café , mas não tirou nem 15 sacas em 2016.

“Como um pai de família vai viver com isso durante um ano? Perdemos mais de 90% da produção de café, agora temos de esperar 2017 e 2018”, comentou.

Para não deixar o município, ele teve que pensar em uma alternativa: investir no gado leiteiro. São 40 animais para alimentar, sendo que 11 estão produzindo cerca de 200 litros de leite por dia. Atualmente, o produtor afirma que está tendo prejuízo, pois tem que comprar comida.

“Apesar da chuva que caiu nos últimos dias e de o pasto ter melhorado, o problema ainda não foi resolvido. O gasto ainda é maior que o lucro, mas estamos apostando nos animais. Tem cinco anos que estamos melhorando a genética. Para a vaca, a gente consegue comprar silagem, já o café, perdemos”, disse.

Apesar do prejuízo também com o gado, ele acredita no futuro. “Se chover mais, o gado vai ficar bonito e forte e a gente vai começar a ganhar dinheiro novamente”, garantiu.

Poço
Apesar de ter chovido nos últimos dias, a falta de água ainda é um problema. Segundo o produtor, o jeito foi perfurar poços para ajudar no abastecimento. “Perfurei um poço, mas a água acabou e agora consegui outro poço para beber, abastecer a ordenha e o curral”, finaliza.

Ajuda para comprar alimento
O secretário Municipal de Desenvolvimento Rural de Colatina, Ricardo Pretti, afirma que o cenário está desolador no interior da cidade. Uma das medidas para ajudar o produtor foi através de um decreto lançado pela prefeitura. Pelo documento, o executivo oferece ajuda no transporte para produtores que precisam comprar alimento em outro local para o gado.

“A Prefeitura disponibiliza o carro e o motorista para comprar alimento em outra cidade. O produtor fica responsável por comprar o alimento e o combustível do veículo”, comenta. O requerimento pode ser preenchido na Secretaria de Agricultura, Associação dos Produtores Rurais de Colatina (Aprucol), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Colatina (STR) e Sindicato Rural de Colatina (Senar).

O secretário informou que está trabalhando em parceria com outras secretarias para realizar o cadastramento de todas as famílias do interior para saber a real situação.

A intenção é acionar a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que possui políticas públicas para o enfrentamento da crise. O secretário afirma que a queda na produção de café  do município deve chegar a 60%, já a produção de leite também teve uma queda grande. “Os produtores estão alimentando o gado para manter os animais vivos”, conclui.

Raquel Lopes / A Gazeta

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