Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, publicada nesta segunda-feira (11), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, alertou que há risco de prejuízo para a nova safra agrícola se o governo cortar de forma abrupta e radical o crédito aos produtores rurais com taxas subsidiadas pelo Tesouro Nacional. A ministra lembrou que o agronegócio responde por 20% do PIB nacional, e alertou que uma redução radical do crédito pode criar pânico entre os produtores e “desarrumar muito o setor”.
“Vamos quebrar a agricultura? É este o propósito? Tenho certeza que não é”, disse a ministra. “Não se pode criar pânico no campo e dizer que acabou o dinheiro. Não é assim.”
A área econômica do governo estuda cortes em todos os subsídios do Tesouro já este ano, e o presidente do Banco do Brasil, Rubens Novaes, afirmou que “o grosso da atividade rural” pode se financiar com taxas de mercado. Tereza Cristina disse a “O Estado de S. Paulo”, no entanto, que o assunto ainda está em estudo pelo Ministério da Agricultura, e que não pode haver um “desmame radical”:
“Será que o presidente Bolsonaro quer que a agropecuária encolha em seu governo? Temos de ter cuidado! Podemos fazer coisas novas, mas passo a passo. Não é de repente dizer que agora mudou a regra do jogo”, afirmou a ministra. “Eu brinco até que é um desmame. Você pode fazer o desmame radical e o controlado. Ainda está muito no campo das ideias. Nossas equipes (dos ministérios da Economia e da Agricultura) estão sentando agora para discutir”.
A ministra afirmou que há espaço de manobra, mas o Mapa defende que não haja redução no volume de crédito para financiar o agronegócio. O atual plano safra destinou R$ 191 bilhões ao crédito e faltou dinheiro, tanto que o governo destinou mais R$ 6 bilhões, e o setor precisava de mais R$ 15 bilhões. Não se pode baixar deste patamar, porque a agricultura precisa de crédito para crescer. De acordo com a ministra, pode-se até subir um pouco os juros pagos pelos pequenos produtores, mas é preciso discutir uma nova fonte de financiamento para os grandes produtores, para que eles não sejam obrigados a se financiar com as taxas de juros do mercado livre. Foi criado um grupo de trabalho que envolve também o Banco Central, além dos técnicos dos dois ministérios.
Tereza Cristina disse que é preciso discutir qual será a fonte de financiamento dos produtores, que taxa de juros estará disponível e o que os bancos privados vão oferecer ao setor, lembrando que o Banco do Brasil, atualmente, é responsável por 46% do crédito rural. Segundo a ministra, também é prioridade do ministério melhorar o seguro-safra, diminuindo as taxas de juros e ampliando a oferta, para que o agricultor se sinta mais confortável. O assunto precisa estar pacificado até a reunião de maio do Conselho Monetário Nacional (CMN), mas a ministra espera que tudo esteja resolvido o mais rapidamente possível, para reduzir a insegurança do setor.
Mapa