As importações de milho pelo Brasil saltaram para 295 mil toneladas em agosto, maior volume do ano e uma alta 1800 por cento ante o mesmo mês de 2015, com empresas de aves e suínos voltando-se para fornecedores externos em função da escassez no mercado interno, mostraram dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
No acumulado dos primeiros oito meses do ano, as importações já chegam a quase 1,1 milhão de toneladas, volume que supera os 12 meses de cada um dos últimos seis anos.
Na média mensal de desembarques, o ritmo de 2016 equipara-se às importações de 2000 e 1997, anos de recorde na série histórica do governo iniciada em 1997.
Em agosto, o Brasil comprou apenas de parceiros do Mercosul. Do Paraguai, entraram 170 mil toneladas, e da Argentina vieram 125 mil toneladas.
Empresas que usam o milho como insumo, como granjas de aves e suínos, têm tido dificuldade de encontrar carregamentos para abastecer operações. No fim de 2015 e início de 2016 houve fortes exportações de milho do Brasil, o que somou-se à quebra na produtividade da colheita da safra em meados deste ano.
Tomando como base o ano comercial, iniciado em fevereiro e que terminará em janeiro de 2017, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o país precisará importar 1,5 milhão de toneladas.
Segundo o MDIC, desde fevereiro as importações somam 1,09 milhão de toneladas.
O Cepea, centro de pesquisa ligado à Universidade de São Paulo, destacou em relatório nesta sexta-feira que os preços do milho caíram nos últimos dias em diversas praças, pressionados pela retração de compradores, que estão atentos às paridades de importação e exportação.
“Apesar disso, estimativas oficiais apontam estoques ainda mais apertados para a temporada”, disse o Cepea, lembrando que a previsão do governo federal é terminar o ano comercial com estoques no país de 5,5 milhões de toneladas, 47 por cento menos que na temporada anterior.
“Esse cenário gera expectativa de que os preços se sustentem no último trimestre do ano”, disse o centro de pesquisa.
O Cepea afirmou ainda que importações eventualmente acima dos patamares recentes “também podem influenciar com mais força o mercado”.
Reuters