De janeiro a março, as exportações brasileiras cresceram 6,5%, enquanto as importações (que têm efeito negativo no PIB) caíram 5,6%.
Mas o que é bom para o Brasil tem impactos negativos para as exportações de outros países da América do Sul: nos quatro primeiros meses de 2016, as importações de produtos do continente pelo Brasil caíram 27,7%.
Segundo dados de abril do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil importou, até abril, US$ 5,6 bilhões em produtos dos países da América do Sul (cerca de 13% de todas as importações brasileiras), contra US$ 7,7 no mesmo período do ano passado.
O país que teve a maior queda no volume em dólares de produtos exportados para o Brasil foi a Bolívia.
Nos primeiros quatro meses do ano, o Brasil importou US$ 541 milhões em itens bolivianos, uma soma 46% menor que a do mesmo período do ano passado, de US$ 1 bilhão. A representação do Brasil entre as exportações da Bolívia era de 27,5% em 2015, segundo o Itamaraty.
Já considerando dados fechados de 2015, a soma do valor total de produtos importados pelo Brasil de países da América do Sul caiu 27,8%, passando de US$ 29,8 bilhões em 2014 para US$ 21,5 bilhões.
O país que teve o maior recuo nas exportações para o Brasil em 2015 foi a Venezuela, com diminuição de 42%. O impacto, no entanto, é reduzido pela participação pequena do Brasil entre as exportações venezuelanas, de apenas 1,8%, segundo informou o Itamaraty com base nos dados fornecidos pelos parceiros comerciais.
Em 2016, o recuo da importação de produtos venezuelanos pelo Brasil continua. O volume diminuiu 27,8% de janeiro a abril na comparação com o ano passado.
Já o país que contava com a maior participação do Brasil em suas exportações em 2015 era o Paraguai, com 31,6% do total de suas vendas externas voltadas para importadores brasileiros. As exportações paraguaias sofreram com a crise brasileira no ano passado, com queda de 26,9% no valor total de produtos vendidos para o Brasil.
Nos primeiros quatro meses de 2016, no entanto, o recuo foi bem menor: apenas 0,24% em relação ao mesmo período de 2015.
Veja abaixo como a crise internacional impactou os países vizinhos:
Argentina
Os números mais recentes:
De janeiro a abril, as importações de produtos argentinos pelo Brasil somaram US$ 2,7 bilhões – uma queda de 25% em relação aos US$ 3,6 bilhões do mesmo período de 2015.
Destaque entre os principais produtos importados da Argentina pelo Brasil, os veículos automóveis com motor a diesel tiveram queda de 6,9% no valor das transações. Já a importação de automóveis para até 6 passageiros, que também têm um peso importante no total de produtos comprados do país, caiu 31,6%. A compra de trigos e misturas, também com peso relevante, recuou 36,7%.
O ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay, disse que a crise brasileira deve provocar uma queda perto de 1,5 ponto percentual na economia do país.
Em 2015, o Brasil importou US$ 10,2 bilhões em produtos argentinos, uma queda de 27,2% em relação aos US$ 14,1 bilhões 2014.
Como era há 10 anos:
Em 2006, as importações de produtos argentinos pelo Brasil cresceram 29% em relação ao ano anterior, para US$ 8 bilhões. A participação da Argentina nas importações brasileiras era de 8,8% (maior que a de 2015, de 6%).
Bolívia
Os números mais recentes:
As importações de produtos bolivianos pelo Brasil somaram US$ 541 milhões de janeiro a abril deste ano. O montante representa queda de 46,2% rem relação ao total de US$ 1 bilhão do mesmo período do ano passado.
O resultado foi puxado pela queda de 46,6% das importações de gás natural, principal produto comprado da Bolívia pelo Brasil.
Em 2015, as importações de produtos da Bolívia pelo Brasil recuaram 34,3%, para US$ 2,5 bilhões no total do ano contra US$ 3,8 bilhões em 2014.
Como era há 10 anos:
O Brasil comprou, em 2006, R$ 1,4 bilhão em produtos bolivianos, um forte crescimento em relação ao ano anterior, de 46,3%. A participação da Bolívia no total das importações brasileiras à época era de 1,59% (maior que a de 2015, de 1,46%).
Chile
Os números mais recentes:
De janeiro a abril, as importações do Brasil de produtos do Chile somaram US$ 939 milhões, uma queda de 18,5% em relação ao US$ 1,15 bilhão no mesmo período de 2015.
O principal produto chileno importado pelo Brasil, o cobre, puxou o resultado negativo com queda de 32% nas vendas de cátodos de cobre refinado e de 21,7% de sulfetos. Outro produto com peso importante importante, o salmão, teve queda de 8,2% nas vendas.
A diminuição na importação de produtos do Chile pelo Brasil em 2015 foi de 15%, para US$ 3,4 bilhões, contra US$ 4 bilhões um ano antes.
Como era há 10 anos:
Em 2006, o Chile tinha participação de 3,14% nas importações brasileiras (maior que a de 2015, de 1,8%). Naquele ano, o volume em compras de produtos chilenos somou US$ 2,8 bilhões, número que representou na ocasião uma alta expressiva em relação ao ano anterior, de 64%.
Colômbia
Os números mais recentes:
De janeiro a abril, o Brasil importou US$ 259 milhões em produtos colombianos, uma queda de 44% em relação aos R$ 463 milhões do mesmo período do ano anterior.
Entre os principais produtos na tabela de importações do Brasil de itens da Colômbia está a hulha (tipo de carvão mineral), que apresentou uma queda de 38,1% nas compras durante os primeiros quatro meses de 2016.
As importações de produtos colombianos pelo Brasil caíram 30,6% em 2015, passando de US$ 1,7 bilhão em 2014 para US$ 1,1 bilhão.
Como era há 10 anos:
Em 2006, o Brasil importou US$ 247 milhões em produtos colombianos, um forte crescimento em relação a 2005, de 79%. Naquele ano, as compras de itens da Colômbia somaram 0,27% do total de importações do Brasil (menor que a de 2015, de 0,69%).
Equador
Os números mais recentes:
Nos primeiros quatro meses de 2016, o valor total de produtos importados do Equador pelo Brasil somou US$ 27 milhões, uma queda de 38,5% em relação aos R$ 44 milhões do mesmo período do ano anterior.
Entre os principais produtos do Equador importados pelo Brasil, a maior queda no período foi a compra de bombons, caramelos, confeitos e pastilhas, com recuo de 34%. A importação de chumbo refinado caiu 27% e também pesou no resultado final.
Em 2015, as importações de produtos do Equador pelo Brasil caíram 17,5% em relação ao ano anterior, de US$ 142 millhões em 2014 para US$ 117 milhões.
Como era há 10 anos:
Em 2006, a participação do Equador nas importações brasileiras era de 0,03%, próxima à de 2015, de 0,07%. Naquele ano, as importações de produtos equatorianos somaram US$ 30,3 milhões, uma queda de 66% em relação ao total do ano anterior.
Paraguai
Os números mais recentes:
As importações de produtos paraguaios do Brasil caíram apenas 0,24% entre janeiro e abril de 2016, de US$ 346,9 milhões para US$ 346,1 milhões na comparação anual.
No período, a compra de trigo e suas misturas do Paraguai mais que triplicaram, e o item passou a ser 21,1% do total de importações brasileiras de produtos do país – contra 4,8% no mesmo período de 2015. Já entre as quedas das importações se destacam o recuo de 28,7% da soja e de 15,4% da carne bovina.
O valor total de importações do Paraguai em 2015 teve queda de 26,9% em relação a 2014, de US$ 1,2 bilhão para US$ 884 milhões.
Como era há 10 anos:
Em 2006, o Paraguai tinha participação de 0,32% no total de importações brasileiras (menor que a participação de 2015, de 0,52%). Naquele ano, o valor total de produtos paraguaios comprados pelo Brasil caiu 7,22% em relação ao ano anterior, para US$ 295 milhões.
Peru
Os números mais recentes:
Nos primeiros quatro meses de 2016, as importações de produtos do Peru caíram 34,3%, de US$ 413 milhões no mesmo período do ano anterior para US$ 271 milhões.
O cobre, um dos principais itens entre as importações brasileiras do Peru, teve queda de 41% no valor comprado no período. Outra retração importante foi da compra de fosfatos de cálcio, de 17,44%.
A soma das importações de produtos peruanos pelo Brasil em 2015 caiu 26,5%, de US$ 1,7 bilhão no ano anterior para US$ 1,2 bilhão.
Como era há 10 anos:
Em 2006, o Brasil importou US$ 788 milhões em produtos do Peru, um crescimento expressivo em relação ao ano anterior, de 71,6%.
A participação do Peru entre as importações brasileiras era de 0,86%, acima da proporção de 0,73% registrada em 2015.
Uruguai
Os números mais recentes:
As importações de produtos uruguaios pelo Brasil caíram de US$ 437 milhões nos primeiros quatro meses de 2015 para US$ 316 milhões neste ano, um recuo de 27,5%.
O resultado foi puxado pela queda de 34% na compra de malte e de 59,61% de itens de plástico. O resultado ficou negativo mesmo com o aumento expressivo da importação de trigo e misturas, que quase quintuplicou no período.
Em 2015, o valor total de importações de produtos do Uruguai caiu 36,5% na comparação com o ano anterior, de US$ 1,9 bilhão para US$ 1,2 bilhão.
Como era há 10 anos:
O valor total das importações do Uruguai em 2006 foi de US$ 618 milhões, um crescimento de 25,2% em relação a 2005. A proporção dos produtos uruguaios entre as importações brasileiras era de 0,68% – menos que em 2015, de 0,71%.
Venezuela
Os números mais recentes
Nos primeiros quatro meses do ano, as importações de produtos da Venezuela pelo Brasil caíram 27,8%, de US$ 274 milhões no mesmo período de 2015 para US$ 197 milhões em 2016.
Entre os principais produtos venezuelanos importados pelo Brasil, as naftas para petroquímica tiveram queda de 33,7%. Outros recuos foram de 73% da compra de hulha (tipo de carvão mineral) e de 87,5% de coque de petróleo.
No total de 2015, as importações de produtos da Venezuela caíram 42% na comparação com o ano anterior, de US$ 1,17 bilhão para US$ 679 milhões.
Como era há 10 anos:
Em 2006, as importações de produtos venezuelanos pelo Brasil mais que dobrou em relação ao ano anterior. O país importou US$ 591 milhões em itens da Venezuela, uma alta de 131%.
Naquele ano, a participação da Venezuela entre as importações brasileiras era de 0,65%, pouco mais que os 0,4% de 2015.
G1