Matéria publicada na Revista Campo Vivo – Edição 50 (Conilon 2023)
Tecnologia apresenta maior rendimento de trabalho por área
Conhecidas por “drones”, as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), tornaram-se ferramentas fundamentais no agronegócio. As ARP são capazes de promover novas técnicas de controle de pragas e doenças, auxiliando na tomada de decisão em relação ao manejo, reduzindo custos, diminuindo a quantidade de defensivos agrícolas no meio ambiente e melhorando a produtividade.
O uso do drone ganhou força em 2019 e, na cultura do café, os estudos apontam que a aplicação de defensivos agrícolas no controle de pragas e doenças, se comparada às aplicações tradicionalmente utilizadas, como o pulverizador tratorizado, por exemplo, apresentam a mesma efetividade, porém, com mais vantagens, conforme informou o doutor em Engenharia Agrícola, professor do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Campus São Mateus, Edney Leandro da Vitória.
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“Podemos destacar a redução do uso de água em mais de 90%, sem contar que é mais seguro para o aplicador que não tem contato direto com o produto no momento da aplicação. Além disso, o drone pode trabalhar em locais de difíceis acessos ou que exigem mais cuidados como propriedades com morros próximos a áreas de proteção ambiental. As ARP apresentam maior capacidade operacional, ou seja, maior rendimento de trabalho por área”, detalhou Edney.
Apesar das vantagens, ele alerta o produtor para que observe algumas informações ao contratar um serviço de pulverização, seguindo o que estabelece a Portaria nº 298/2021 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O professor aponta que ainda existem gargalos que precisam ser ajustados, como o tempo de duração das baterias (média 12 minutos), a definição de parâmetros de configuração específico para cada cultura, o estágio de desenvolvimento da mesma e a qualificação técnica dos prestadores de serviços de pulverização por meio de drones.
Regulamentação
O ES é o segundo estado brasileiro com maior número de operadores de drones registrados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Com os drones ocupando cada vez mais espaço na agricultura e na pecuária, o Mapa publicou a Portaria nº 298, estabelecendo regras para sua operação quando destinadas à aplicação de agrotóxicos e afins, adjuvantes, fertilizantes, inoculantes, corretivos, sementes e pulverização de agentes de controle biológico.
“O uso dos drones dentro dos critérios legais e técnicos auxilia a agropecuária em ganhos de produtividade e eficiência, e o Mapa atua junto às empresas e aos produtores rurais regulamentando e orientando para que se registrem junto aos órgãos de controle, de forma a garantir que o uso de drones na agropecuária seja feito de forma segura, correta e dentro dos princípios da legislação vigente”, explica Marcelo Sobreira de Souza, auditor fiscal federal agropecuário do Mapa.
Além do registro no Mapa, os operadores de drones devem ter o Curso de Aplicação Aeroagrícola Remoto (Caar). De acordo com os registros no Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro), do Mapa, o ES tem 32 operadores de drones registrados no sistema, e só perde para São Paulo, com 36. No total, o Brasil conta com 146 operadores e 23 entidades autorizadas a oferecer o Caar.
O registro das empresas operadoras de ARP no Mapa é automático e gratuito, via sistema Sipeagro. Após a inclusão de todos os documentos obrigatórios, o sistema emite o Certificado de Registro de ARP no Mapa.
“É importante ressaltar que o registro é necessário para as empresas atuarem dentro da legalidade, pois o descumprimento do disposto na Portaria 298 sujeita os infratores às sanções previstas no Decreto nº 86.765, de 22 de dezembro de 1981”, concluiu Marcelo.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é responsável pelo cadastro de registros das ARPs, enquanto a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), regulamenta as frequências de telecomunicações utilizadas, para que não interfiram em outros sistemas. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), por sua vez, faz o controle de voos, por meio do Sistema SARPAS NG.
Crea-ES atua para garantir segurança no uso de drones
Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), Jorge Silva, a formação dos profissionais que operam os drones significa segurança para as pessoas, ao meio ambiente e o uso responsável da tecnologia.
“Os cursos específicos e as autorizações oficiais são importantes para garantir que os operadores de drones tenham o conhecimento necessário para operar essas aeronaves de forma segura, legal e eficiente”, reforça.
Para garantir a segurança e a conformidade com as normas técnicas, o Crea-ES atua na definição de diretrizes e regulamentos, levando em consideração requisitos técnicos dos equipamentos, boas práticas agrícolas e questões ambientais, e fomenta parcerias com órgãos reguladores e entidades do setor agrícola para desenvolver treinamentos, cursos e capacitações específicas.
O órgão oferece cursos básicos de pilotagem com uso de drones tradicionais, e investe na capacitação de seus profissionais e aproximação com os principais órgãos reguladores, entre eles o Mapa, a Anac, o Decea e o Ministério da Defesa (MD), por meio da participação de eventos do setor.
“É essencial que os operadores tenham conhecimento sobre as práticas de segurança, incluindo procedimentos de voo, prevenção de colisões, gerenciamento de emergências e conhecimento dos regulamentos aplicáveis. Os cursos ajudam a fornecer esse conhecimento e garantem que os operadores estejam cientes dos potenciais riscos e saibam como evitá-los”, salienta Silva.
Redação Campo Vivo | Valda Ravani