ESPECIAL: Tecnologias no campo transformam a maneira de trabalho do produtor de mamão

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL MAMÃO DO BRASIL (Edição 47 – Dezembro 2021)


Tecnologias no campo transformam a maneira de trabalho do produtor de mamão

 

 

 

 

 

 

 

 

Vivemos em um mundo cada vez mais tecnológico, isso pensando desde os utensílios que utilizamos dentro das nossas casas, no nosso dia a dia, até aqueles que usamos como forma de nos comunicarmos, de nos locomovermos. O mundo evolui de maneira expressiva em relação ao mercado tecnológico. E com tanto conhecimento presente hoje na nossa vida, por causa da tecnologia, não demorou muito para que isso chegasse também ao homem do campo. Se compararmos uma família que mora hoje numa fazenda com aquela que morava nos anos 80, há vários pontos para serem lembrados e notados que mudaram muito, e para melhor. Uma dessas lembranças são as dos equipamentos de uso no campo, no solo. Se você fechar os seus olhos agora e imaginar como era um arado de terra nos anos 50, onde houve o maior crescimento do setor agroindustrial no Brasil, no Governo JK, possivelmente se lembrará que até então animais faziam esse trabalho guiados pelo homem. Na mesma década, em 1959, foi instituído o Plano Nacional da Indústria de Tratores de Rodas, sendo esse o ano que marcou o início da mecanização agrícola no país.

Desse momento em diante, foi dado o pontapé inicial para empresas criarem equipamentos que ajudassem o homem do campo a lidar com seu negócio. E hoje essas tecnologias se fazem completamente presente nas lavouras, nas plantações de mamão, café, e outras tantas culturas. Segundo o pesquisador do Incaper, Renan Batista Queiroz, hoje se usa o que há de melhor em termos de máquinas e equipamentos para aplicação de produtos (adubos, pesticidas, etc), sistemas de irrigação, tratamento pós-colheita em packing house visando à exportação, etc. “Porém, quando falamos em desenvolvimento de material genético, o setor mamoeiro ainda carece de materiais genéticos com maior tolerância a seca, maior teor de sólidos solúveis nos frutos e ao mesmo tempo menor altura de inserção de fruto, menor carpeloidia e maior vigor no segundo cacho de frutos”, destacou.

Sobre as pesquisas desenvolvidas no setor do mamão, segundo Renan Batista Queiroz, o sistema produtivo do mamão é altamente tecnificado e as pesquisas são realizadas por demanda do setor, como já aconteceu com as pesquisas em desenvolvimento na rede de Fruticultura Mamão. Um desses resultados foi apresentado no Congresso Capixaba de Pesquisa Agropecuária (CCPA 2021). Em artigo escrito pelo pesquisador com a colaboração de ouros parceiros, há uma preocupação da cultura do mamão sendo notada, pontuada e pesquisada. “Em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de patógenos, a cultura do mamoeiro está sujeita a uma série de doenças fúngicas, as quais podem acarretar graves prejuízos se não forem devidamente controladas”, diz o pesquisador em artigo. Nesse artigo, os pesquisadores observam que “por esse motivo, tem-se aplicado fungicidas de forma excessiva nas lavouras de mamão. Assim, torna-se desejável o desenvolvimento de novos compostos que sejam mais ativos, menos agressivos ao meio ambiente e que com o desenvolvimento desses produtos possamos tentar diminuir a dependência da tecnologia de produção dos fungicidas com empresas multinacionais. Uma interessante estratégia que pode ser aplicada na busca de novos compostos para o controle químico de fungos é a utilização de metabólitos secundários produzidos por plantas e outros organismos”, apontam pesquisadores. Renan enfatizou que ainda estão sendo realizadas pesquisas, mas que ainda não tem resultados práticos sendo aplicadas no campo.

“Uma das tecnologias geradas pelo Incaper que podemos citar, foi o lançamento da variedade de mamão formosa, o “Rubi Incaper 511”. Além disso, o projeto “Systems Approach” também desenvolvido pelo Instituto que viabilizou a exportação do mamão brasileiro para os Estados Unidos da América”, enfatizou Renan Queiroz.
Localizada em Linhares, mas atendendo toda região norte do Espírito Santo, está a empresa Lipetral. De acordo com o Consultor Estratégico de Negócios da empresa, Marcos Quelton Vieira dos Santos, hoje o produtor já pode contar com máquinas e equipamentos específicos para o cultivo do mamão, que fazem o serviço de Adubadoras, Calcáriadeira e Orgânico em uma máquina. Já outro avanço do setor são os pulverizadores cada vez mais eficientes na cultura do mamão.

Umas das novidades do setor produtivo do mamão em relação as tecnologias são as novas variedades, como exemplo a Mamão Mel.

Ricardo Martins, proprietário da Denver Sementes

Os estudos sobre essa variedade começaram há cerca de 25 anos, de acordo com Ricardo Martins, proprietário da Denver Sementes, localizada em Posto da Mata/BA. “Começamos trabalhar com os estudos através de vários testes de cruzamento entre linhagens e há 4 anos chegamos há uma conclusão sobre essa variedade que é híbrida. Com isso estamos quebrando a dependência, esse vínculo de 40 anos que o Brasil tem de comprar sementes da China. Hoje a principal diferença que temos é o aproveitamento na exportação, o sabor, a altura de planta, e resistência há algumas pragas”, pontuou.

De acordo com Ricardo, hoje o Mamão Mel encontra-se em todo país. “O pouco que temos, as exportadoras estão procurando mais do que outras qualidades. Digo que essa variedade caiu na graça dos exportadores. Acredito que pelo melhor aproveitamento e também por essa variedade ter uma resistência pós colheita melhor do que outras, sem falar no sabor, que em todos os testes de degustação feitas, o mamão mel ficou em primeiro lugar 9 de 10 vezes que foram realizados os testes de prova”, destacou Ricardo Martins.

Além dessa variedade do mamão mel, Ricardo ressaltou que já estão sendo lançados outras cultivares como o Formosa Capixaba e Formosa Linhares. “Acreditamos que assim vamos conseguir liderar o mercado e acabar com essa dependência que muitos produtores tem da China. Se tratando de um país como o nosso, que é o maior produtor mundial de mamão, é até incabível ainda importarmos sementes. É importante para o Brasil que todos produtores percebam que são capazes sim de produzir suas próprias sementes. Por isso nós acreditamos no trabalho que fazemos e esperamos que em questão de pouco tempo já estaremos liderando o mercado, até exportando nossas sementes”, finalizou Martins.

Viveiro MARJ Agrícola, localizado em Montanha/ES

Outra novidade no que se refere às tecnologias do campo é a forma como as mudas estão sendo manipuladas. E isso começou em 2016, quando o produtor e proprietário do viveiro MARJ Agrícola, José Carlos Mulinário e seu sócio, Reginaldo Mulinário decidiram inovar e investir nesse mercado. “A maioria das mudas propagadas antigamente vinham em tubetes em sacolas com terra. Uma equipe de Sooretama que faz mudas de eucalipto já tinha ensaiado fazer as de mamão, mas o foco deles mesmo era o eucalipto, o mamão vinha como um extra, e a irrigação e o manejo são diferentes nesse caso. Aí nós fizemos o viveiro pensando exclusivamente no mamão, então desde 2016 nós estamos trabalhando diretamente com isso”, pontuou.

E o que teve início com a intenção de ser usado para o próprio negócio cresceu e hoje o viveiro comercializa milhões de mudas. “Por necessidade própria do nosso plantio nós construímos uma estufa, fomos aprendendo a trabalhar contando com o conhecimento de amigos, produtores, e o nosso também, e começamos a expandir as estufas. Hoje estamos com capacidade para produzir em média quatro milhões de mudas por ciclo, sendo que o mamão fica no viveiro em torno de 40 dias”, destaca o produtor.

José Carlos disse ainda, que de 2018 para cá houve muito semeio, já que o plantio de formosa na região foi elevado, e de lá pra cá a semente do formosa está em falta no Brasil todo, então isso diminuiu a produção. “Hoje operamos com 30% da capacidade, atendendo em média 200 produtores que vem de todo o Espírito Santo, e até do Sul da Bahia”, diz.

Na região onde o viveiro está localizado, em Montanha/ES, o produtor planta muito mamão formosa, mas no viveiro é possível que o produtor obtenha qualquer variedade de mamão que necessite. “Nós trabalhamos atendendo a demanda do produtor, plantando qualquer variedade que ele queira. Se ele precisa de 200 mil mudas de variedade X, basta que ele leve as sementes ao viveiro que ele realiza o trabalho. “Nós não produzimos de forma aleatória pois o custo da semente é caro, então só fazemos por encomenda”, destaca Mulinário.

Lauro Rangel Coelho, Gerente Comercial da LS Tractor

Assim como o mercado evolui, a exigência para o produtor aumenta no mesmo patamar. Hoje os produtores estão cada vez mais pressionados pelo aumento de competitividade, produtividade, custos elevados e falta de mão de obra qualificada. O Gerente Comercial da LS Tractor, Lauro Rangel Coelho, ressalta que hoje o setor de máquinas acompanha o produtor em qualquer que seja sua demanda e sua área de trabalho. “Em nosso negócio nós oferecemos bastante tecnologia para o homem do campo, seja em nossos tratores, quando o produtor já sai da loja equipado com reversor, super redutor, pré disposição para telemetria (agricultura de precisão) entre outros itens. Todos esses itens somam e ajudam na redução de custos com manutenção, consumo de combustível, maior produtividade e menos desperdício, que é o que o produtor tem buscado dia após dia: reduzir seus custos na lavoura. Só neste ano nós tivemos um aumento médio nos implementos agrícolas de 103% aproximadamente, e de 65% nos tratores, isso é apenas uma amostra do que os produtores estão enfrentando, fora a parte da falta de mão de obra, que foi acentuada pela pandemia, aumentando com isso o custo com pessoal”, pontuou.

Redação Campo Vivo

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