ESPECIAL – O conilon no campo: controle fitossanitário

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CONILON 2022 (Edição 48 – Julho 2022)


Novas ferramentas buscam mais sustentabilidade na cafeicultura

O produtor que busca produzir com eficácia, tem que estar sempre atento as doenças e pragas que podem prejudicar as culturas e reduzir a produtividade. Para isso, se faz necessário um controle fitossanitário adequado e monitorar a lavoura para diagnosticar o que é importante para manter um bom rendimento.

Atualmente, há um avanço de técnicas e alternativas de controle de doenças com o intuito de oferecer opções para reduzir a dependência dos defensivos agrícolas e contribuir para uma agricultura mais adequada de qualidade ambiental. Há disponível diferentes formas de fazer o manejo fitossanitário nas lavouras, como preventivo, cultural, mecânico, físico, biológico e químico. Em 2018, a Embrapa Meio Ambiente lançou duas tecnologias para uma melhor aplicação de produtos para o controle fitossanitário das lavouras: acessório de eletrificação de gotas para uso em pulverizadores costais hidráulicos e acessório de eletrificação de gotas por indução em pulverizadores tratorizados com assistência de ar.

“Atualmente as empresas do segmento fitossanitários estão investindo em moléculas, ou misturas de moléculas menos agressivas ao meio ambiente” – Inorbert Melo, pesquisador do Incaper

De acordo com o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Inorbert Melo, quando se trata de agricultura tropical contemporânea e suas novidades, tudo é mais intenso, potencializado e requer do agricultor atualizações contínuas, que se fazem necessárias para estar cautelosos às ações regulatórias contra alguns defensivos convencionais. Importante ainda é se adequar à cobrança de um mercado consumidor que exige redução do uso de moléculas químicas na produção de alimentos. “A união da ciência, tecnologia e empreendedorismo, está entregando ao produtor ferramentas ou opções de produtos menos agressivos ao meio ambiente e ao ser humano, visando uma agricultura sustentável e conservativa”, pontuou o pesquisador.

Pensando nas novas tecnologias para o controle de pragas e doenças, Inorbert ressalta que ela é parte importante da vida moderna, uma vez que quando é falado sobre produtos fitossanitários, essa tecnologia depende da cultura em questão, uma vez que produtos químicos são registrados para a cultura, enquanto os produtos biológicos são registrados para a praga alvo. “Atualmente as empresas do segmento fitossanitários estão investindo em moléculas, ou misturas de moléculas menos agressivas ao meio ambiente, e se adequando às novas tecnologias de aplicação, que é algo tão importante quanto as moléculas disponíveis para manejo fitossanitários e, portanto, merece ser destacado, como por exemplo, o uso de drones para aplicação dos produtos fitossanitários que requer novas formulações dos produtos”, destacou o pesquisador.

Ainda para Inorbert, considerando a taxa de crescimento e adoção dos produtores, seguramente os bioinsumos, denominados como biopesticidas, biodenfesivos ou produtos a base de agentes de controle biológico para controle de insetos e nematoides, são o destaque da última década. “No cenário mundial, o Brasil é destaque na adoção e no uso de bioinsumos. Só em 2021, o mercado mundial cresceu 14% enquanto o mercado nacional 30%. Observa-se, então, um crescente interesse de agricultores convencionais ao uso de produtos biológicos. Principalmente devido a resistência de diversas espécies aos defensivos químicos”, destaca o pesquisador.
Sobre as pesquisas que vem sendo realizadas relacionadas ao controle fitossanitário, o pesquisador comentou que do setor privado, há uma promessa substancial que logo estará disponível aos agricultores formulações que visam o uso de interferência de RNA (RNAi), que desativa genes direcionados específicos em pragas agrícolas, afim de reduzir efetivamente a resistência de pragas. Outras tecnologias visam acionar os mecanismos naturais de defesa das plantas. “O Incaper recentemente disponibilizou aos cafeicultores de conilon que possuem solos infestados com nematoide das galhas, um porta enxerto clonal resistente a essa praga, com isso visa reduzir o uso de nematicidas”, destaca.

 


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O cafeicultor, Bruno Pessotti, que também é empresário do setor de mamão, alerta que a cultura do café exige do produtor intervenções em cada momento de seu ciclo vegetativo/reprodutivo (fases fenológicas da planta). “Quanto mais o produtor conhece a sua cultura, mais se torna relevante esse assunto. Por exemplo: estamos agora na fase de colheita. Então há intervenções para esta fase, que precisam ser orientadas de forma correta, sobretudo quando se tratar de colheita com o uso de máquinas (com o uso de foices para o corte dos ramos de produção). Na sequência, há intervenções para a correta proteção fitossanitária da lavoura. Estas intervenções são definidas de acordo com um calendário, totalizando de três a quatro intervenções. Na nossa região, Espírito Santo e no sul da Bahia, o cultivo do café é realizado com o uso de irrigação/fertirrigação. Assim, ao mesmo tempo que ocorrem as intervenções de proteção fitossanitária, ocorrem também as intervenções definindo a lâmina de água há aplicar e o fertilizante, com o monitoramento da posição da umidade e do adubo na região onde as raízes estão mais ativas. Caso estas ações não sejam adotadas, as consequências (o impacto) serão desastrosas para a colheita da nova safra. Em síntese, os cuidados podem ser sumariados da seguinte forma: colheita correta, sem a retirada excessiva de ramos; poda, de acordo com o calendário do talhão; correção do ambiente do solo; gestão de irrigação para manter a umidade de conforto para as plantas; fertilizantes via fertirrigação; desbrotas; controle fitossanitário (pulverizações e injeções via aparelho de irrigação); e, quando necessário, a renovação do talhão”, alerta com sua vivência produtora baseada em orientações técnicas.

Para Pessotti, há vários avanços nas técnicas de controle de doenças e a produção do café conillon no Espírito Santo e também no Sul da Bahia, tem apresentado resultados crescentes, ano a ano. “Ainda mais quando os produtores através de suas consultorias, buscam novas tecnologias, como novos clones, novos arranjos de plantio (com diferentes densidades), sistemas de irrigação mais eficientes, e, manejo fitotécnico correto para o cafeeiro”, destaca Bruno, destacando ainda que é importante que os produtores façam investimentos voltados ao controle fitossanitário nas lavouras. “Assim como ocorre na economia, em geral, os investimentos devem fazer parte da pauta dos produtores rurais. No caso do café, após a safra passada, movimentos do mercado produziram grandes alterações nos preços dos insumos (os fatores de produção tiveram seus valores erguidos para novas faixas), com forte impacto sobre a produção. Os valores médios da saca de café, que historicamente transitavam entre U$ 60,00 e U$ 100,00 (sessenta e cem dólares), estão agora oscilando entre U$ 130,00 e U$ 170,00 (cento e trinta e cento e setenta dólares). Considerando isso, é muito importante que o produtor possa fazer negócios firmes nesta nova faixa de valores e empenhe seus esforços para renovar suas áreas de plantio, adotar um programa vigoroso de gestão dos custos, e, adotar novas tecnologias para garantir ganhos de produtividade. Gestão de custos e produtividade! Estas são as estratégias que garantirão a atividade agrícola, seja no café, seja em outras culturas”, destaca.

Depois que a praga e a doença entram na lavoura, o trabalho para controlar isso, é muito maior – Edmar Tessarolo, produtor e consultor em cafeicultura

Quem também lida com esse assunto na prática, atuando nas propriedades de café conilon do estado, é o engenheiro agrônomo, produtor e consultor de cafeicultura, Edmar Liuth Tessarolo, com propriedade localizada em Guaraná, município de Aracruz, em uma área de 30 hectares de café. Para ele, infelizmente muitos produtores só fazem o manejo e controle fitossanitário depois que a praga e a doença entram na lavoura. “O importante seria fazer preventivo, que é o que eu faço nas minhas lavouras, com os clientes, que no meu ponto de vista é o ideal a se fazer, pois depois que a praga e a doença entram na lavoura, o trabalho para controlar isso, é muito maior. Então o ideal é se preocupar antes de acontecer, se antecipar, para que isso não aconteça. Hoje na minha lavoura eu venho plantando café adensado, em pequenas áreas, para produzir muito. Tenho plantado café entre 1,7 m x 1m, então estou optando por produzir mais com menos”, diz Tessarolo.

 

Redação Campo Vivo

 

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