ESPECIAL CAFÉ: Safra 2021 – Jaguaré

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Matéria publicada na Revista Campo Vivo – ESPECIAL CAFÉ (Edição 46 – Julho 2021)


Colheita é positiva, mas desuniformidade dos grãos, aumento dos insumos e dificuldade de mão de obra influenciaram no resultado esperado

Mais uma safra de café chegando ao fim e com ela toda expectativa já para a próxima colheita. Produtores de Norte a Sul do Estado já colhem os resultados positivos e, infelizmente, alguns negativos dessa colheita. A cafeicultura capixaba ocupa um espaço extremamente relevante no cenário nacional, já que o estado ocupa a segunda posição nacional na produção do grão com destaque para o café conilon, sendo o maior produtor nacional.

Engenheiro Agrônomo e Superintendente Regional da Conab, Kerley Mesquita

De acordo com o Engenheiro Agrônomo e Superintendente Regional da Conab, Kerley Mesquita, “o levantamento de safras realizado em maio de 2021, mostra, previamente, que a previsão do Espírito Santo é colher em torno de 13 milhões 627 mil sacas de café sendo 3 milhões 239 mil do arábica, que tem uma previsão de queda de 32% devido a bienalidade negativa nesse ano, e 10 milhões 388 mil sacas do conilon, o que significa um aumento de 13% em virtude das boas condições climáticas e das novas lavouras que estão chegando, então teremos um resultado positivo para o café no estado”, pontuou.

No mês de agosto acontece o terceiro levantamento de safra realizado entre o Incaper e Conab. Esse trabalho é realizado há mais de 20 anos em conjunto pelos órgãos, sendo que o Incaper aplica vários questionários em todas regiões produtoras de café no Espírito Santo, e a Conab faz a análise estatística. Já no final do mês de novembro é feito o último levantamento que fecha com o café arábica. “Fazemos em conjunto esse trabalho durante quatro vezes ao ano, então só podemos afirmar com mais precisão os resultados da safra no Espírito Santo, após esses quatro levantamentos realizados”, finalizou Mesquita.

Mas ao verificar nos principais municípios produtores de conilon da região já é possível ter uma percepção da atual safra de café conilon.

*A produção desta reportagem foi finalizada em 01 de julho de 2021

 

Técnico em Desenvolvimento Rural do Incaper, Domingos de Jesus

No município de Jaguaré, que sempre se destaca quando o assunto é a produção de café, o resultado da colheita do café tem sido bom, mas como nos demais municípios, com a expectativa bem abaixo do esperado em relação ao peso. “A última florada não teve chuvas suficiente então isso causou a desuniformidade na maturação do café, e logo depois choveu, então quando você vê um pé de café hoje tem grãos maduros e na copa todos verdes, daí como o agricultor não vai fazer duas ou três colheitas, ele acaba colhendo tudo de vez. Isso até dá um montante, mas quando vai pro secador aqueles grãos verdes, acabam não pesando, ficando xoxos, quando saem pra ventilar não tem bom resultado. E o que pode ser a causa desse baixo peso?! As chuvas fora do tempo certo”, pontuou o Técnico em Desenvolvimento Rural do Incaper, Domingos de Jesus.

O produtor rural e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Jaguaré, Jarbas Alexandre Nicoli Filho, foi enfático ao analisar que nesse ano de 2021 os produtores esperavam uma ótima colheita de café na região de Jaguaré, porém devido as chuvas no período da florada, as fortes temperaturas e pouca chuva nos meses de dezembro e janeiro, não foi isso que aconteceu. “Nós tivemos uma produção abaixo do esperado e um dos grandes problemas enfrentados durante a colheita, foi a falta de mão de obra, o que tem estendido durante todo o período da colheita e já prejudicando a safra do ano seguinte”, destacou.

Jarbas Nicoli Filho, de Jaguaré/ES

Para Nicoli, outro fator preocupante, assim como também é nos demais municípios, é o gasto com a lavoura. “O produtor ainda vem se recuperando dos anos de crise hídrica vividos, pagando dívidas antigas e organizando o caixa. Sabemos que a produção do ano seguinte depende de vários fatores não controlados pelo produtor, como o clima, o valor do café comercializado e os valores dos insumos que teve grande alta nesse ultimo ano agrícola, então tudo isso nós consideramos. Mesmo com o valor alto de mercado da saca de café, o poder de compra do produtor permanece baixo devido ao aumento dos custos de produção”, diz o produtor.

Além da alta dos insumos e das condições climáticas que por um lado ajudam, mas por outro acabam trazendo fatores menos positivos, o produtor rural está tendo que enfrentar, assim como todos os setores, as dificuldades que a pandemia da Covid-19 trouxe consigo. O produtor rural e também presidente da Associação Agricultura Forte, João Luiz Bayer, ressaltou que esse está sendo ainda um ano atípico, pois com a pandemia, é necessário que se tenha muito cuidado com a proteção e higienização dos funcionários. “Isso impacta diretamente nos nossos custos de produção, e ainda traz consigo a dificuldade de conseguirmos contratar mão de obra, já que muitos preferem optar por largar o trabalho no campo e contar com o auxílio emergencial do governo”, destacou.

Sobre a atual colheita, João Bayer pontua que a expectativa era melhor do que vem sendo realizada. “Estamos com um custo muito elevado, a mão de obra em déficit e ainda com os preços bem mais abaixo do que esperávamos. A produtividade também está abaixo do previsto com o rendimento baixo dos secadores devido à estiagem do início do ano o que prejudicou o enchimento de grãos. Toda nossa expectativa de como será a próxima safra, depende de como vai ser o clima, pois só assim conseguimos fazer uma relação de expectativa com produtividade futura. Mas temos uma expectativa muito boa em relação aos preços, pelo seguinte fato de os estoques estarem abaixo dos anos anteriores, com a redução de produção tanto do café conilon como do arábica”, finalizou.

Redação Campo Vivo

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