Assumindo novamente a pasta, Bergoli destaca interlocução com representações das cadeias produtivas do agro capixaba, novo planejamento estratégico para definir prioridades, criação de subsecretaria de agricultura familiar, entre outros temas
O governador reeleito Renato Casagrande anunciou o nome de Enio Bergoli para assumir a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) em seu terceiro mandato iniciado em janeiro de 2023.
Enio Bergoli é engenheiro agrônomo e atua fortemente junto ao agro capixaba. Especialista em Administração Rural, tem experiência em gestão nos principais cargos públicos ligados à agricultura do Espírito Santo. Já presidiu o Incaper, e foi secretário de Agricultura nos governos de Paulo Hartung e Renato Casagrande. Nos últimos dois anos, esteve à frente da secretaria de Serviços da Serra.
Em conversa exclusiva com o Portal Campo Vivo, Enio contou que nessa nova passagem a frente da Seag, a secretaria terá um olhar especial para os agricultores familiares presentes em 77% dos estabelecimentos rurais do Espírito Santo. Para isso, será criado uma Subsecretaria de Agricultura Familiar para organizar e direcionar ações para essa categoria de público presente no rural, que é a mais dependente do setor público.
Enio ainda contou que temas como inovação, automação, inteligência artificial, big data, internet das coisas, agricultura de precisão, descarbonização e produção sustentável estarão cada vez mais presentes no dia a dia do agro. Confira na íntegra a entrevista com o secretário.
Campo Vivo – Quais são os principais projetos que pretende tocar?
Enio Bergoli – O Governo é de continuidade, mas há sempre espaço para aperfeiçoamento da gestão. Assim, vamos potencializar os projetos que dão bons resultados para a sociedade e implantar outros em áreas que os avanços não foram os esperados. Temos como propósito e foco avançar na gestão e na interlocução com as representações de todas as cadeias produtivas do agro capixaba, tanto para melhor diagnosticar os principais gargalos e desafios, quanto para o estabelecimento de parcerias, que são necessárias para a correção de rumos e desenvolvimento de projetos e ações. Além de otimizar os projetos já existentes na área de infraestrutura rural, também teremos um olhar especial para os agricultores familiares, que estão presentes em 77% dos estabelecimentos rurais do Espírito Santo. O Governador Renato Casagrande já autorizou a criação de uma Subsecretaria de Agricultura Familiar para organizarmos e direcionarmos ações para essa categoria de público presente no rural, que é a mais dependente do setor público.
Campo Vivo – Quais são os principais desafios que acredita encontrar neste momento para conduzir a Secretaria de Agricultura?
Enio Bergoli – Nosso Agro é pujante, mas depende de muita articulação e ações conjuntas para superar os diversos gargalos e entraves que prejudicam o desempenho e a competitividade em vários elos das diversas cadeias produtivas. A conquista e permanência no mercado, para todos os públicos e empresas deste segmento econômico, dependerá da superação de grandes obstáculos nacionais, com rebatimento no agro regional. A superação de gargalos na logística, infraestrutura e crédito dependem muito do Governo Federal. Por outro lado, estados equilibrados como o Espírito Santo devem construir uma agenda estratégica em sintonia com as novas tendências do setor, frente às especificidades regionais. Temas como inovação, automação, inteligência artificial, big data, internet das coisas, agricultura de precisão, descarbonização e produção sustentável estarão cada vez mais presentes no dia a dia do agro. Os fatores críticos de sucesso do segmento passam necessariamente por esse contexto. Os custos de produção na agropecuária continuarão altos por um bom tempo, fato que aumenta os riscos das atividades por conta dos preços de insumos, máquinas, equipamentos e também da mão-de-obra. Assim, a gestão interna dos estabelecimentos será determinante nas margens cada vez mais curtas de rentabilidade.
Campo Vivo – O agro capixaba tem se destacado em nível nacional com bons exemplos de empreendedores rurais em várias atividades. Como a Seag irá contribuir para ampliar esses resultados?
Enio Bergoli – Precisamos ter em mente que cabe ao poder público apoiar, incentivar, criar mecanismos, projetos e programas de incentivo, mas a decisão de investir é privada, dos agricultores, dos pescadores, dos aquicultores. Pretendemos articular com outras áreas do Governo do Estado e da União, melhorias no sistema de crédito rural para dar mais segurança nos investimentos do setor. O Incaper e o Idaf serão fortalecidos e vão cumprir suas funções e atribuições dentro de um planejamento com metas e objetivos claros, para que possamos ter os resultados que o rural capixaba espera nas ações de pesquisa, assistência técnica, extensão rural, defesa, inspeção, fiscalização, gestão florestal e licenciamento ambiental, por exemplo. Já há um concurso público em andamento para a contratação de mais profissionais para o Incaper. Haverá também para o Idaf, que é um órgão essencial para evitar ameaças sanitárias na nossa base de produção rural, e estratégico na segurança alimentar, tão requerida pelo mercado consumidor para alimentos processados ou ao natural. Importante destacar que será imprescindível para a permanência dos produtos do agro no mercado europeu, pois com dados e informações atualizadas, desvinculará nossa produção do desmatamento. Pretendemos ainda destravar as questões que interferem na busca de uma segurança hídrica para o nosso Agro.
Campo Vivo – Nos últimos anos, o setor agro avaliou que foram feitos muito investimentos em infraestrutura rural mas as cadeias produtivas não tiveram o mesmo olhar. Como pretende trabalhar isso?
Enio Bergoli – Os investimentos em infraestrutura são importantes e serão ampliados. Construção de barragens, pavimentação e revestimentos de vias rurais serão intensificados. Mas, são as atividades agropecuárias do Agro que definem a renda, a geração de emprego e a qualidade de vida no campo. Nos primeiros meses deste ano, será elaborado um amplo planejamento estratégico para o setor, ouvindo e interagindo com especialistas e representações das cadeias produtivas, para que acertemos mais e não dispersemos ações e recursos, que sempre são limitantes. Preliminarmente, estamos chamando esse planejamento de PEDEAG 4, que contemplará um portfólio de projetos de Estado, e não somente projetos liderados pelo setor público. Mas, durante a elaboração desse planejamento, já iremos lançar projetos e programas, como é o caso de um direcionado para o desenvolvimento da cafeicultura capixaba, no mês de fevereiro. É essencial que haja uma integração entre os órgãos públicos e privados que atuam nas cadeias produtivas do agro. Somente assim, teremos um desenvolvimento harmônico e equilibrado para todas as regiões do Espírito Santo.
Campo Vivo – Muitos produtores rurais, principalmente do norte do estado, têm sofrido com furtos e insegurança em suas propriedades. Quais ações a Seag pretende fazer para garantir a segurança do homem que trabalha e também vive no campo?
Enio Bergoli – Esse é um problema grave e que persiste, sobretudo com mais intensidade em algumas regiões. Na verdade, é um desafio do rural do país com um todo. Não se trata de algo de simples resolução devido à complexidade em face da área geográfica, da dispersão das 130 mil propriedade rurais do Estado e dos custos elevados para o poder público. No entanto, por se tratar de uma função pública, iremos cuidar desse tema com muita dedicação. Vamos atuar em articulação com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, que tem essa atribuição. Patrulhas rurais estarão mais presentes e buscaremos casos de sucesso no Brasil e no exterior para que possamos replicar aqui no Espírito Santo.
Campo Vivo – Como a Seag pretende comunicar o Agro Capixaba?
Enio Bergoli – A comunicação é muito importante em vários aspectos. E não somente para divulgar ou promover, mas para socializar e difundir conhecimentos, tecnologias, projetos e ações que precisam chegar na ponta, nas propriedades rurais, nos sistemas de produção. Será conduzida de forma direta pelos instrumentos que dispomos no Governo do Estado, e indiretamente por meio do setor privado. Do ponta de vista público, vamos aperfeiçoar e criar mecanismos internos mais contemporâneos de comunicação. Jornais, revistas, sites e outros meios especializados privados de comunicação do Agro, como a Campo Vivo, por exemplo, serão nossos parceiros na arte de comunicar. A comunicação nos ajuda resolver gargalos tecnológicos e buscar abertura de mercados para os produtos agrícolas regionais. Os produtos do Agro Capixaba chegam à mesa de vários estados do Brasil e a mais de 100 países com uma contribuição muito importante da comunicação. Por isso, a comunicação também será nossa prioridade!
Redação Campo Vivo