As chuvas que ocorrerão entre os meses de fevereiro e março vão determinar o tamanho da safra cafeeira de 2019/20. A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) afirma que nesses meses ocorre a granação (enchimento e definição do peso que o fruto a ser colhido poderá atingir) dos cafezais e o crescimento dos ramos. Segundo o Departamento de Geoprocessamento da cooperativa, chuvas abaixo da média e temperaturas que ultrapassaram os 30 graus no mês de janeiro têm potencial para afetar a safra de café de 2019 e ainda a de 2020 na área de ação da Cooxupé, caso as precipitações não se regularizem até o mês que vem.
Para o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino, apesar de a situação não estar confortável ainda é cedo para falar em quebra de safra. “No momento não temos condições de mensurar o tamanho dessa possível quebra. O impacto será bem menor se as chuvas vierem em fevereiro e março, portanto, são meses decisivos para nós”, disse em nota.
O primeiro mês do ano está sendo comparado a igual período de 2014, quando a falta de chuvas e o calor excessivo prejudicaram a cultura. Em janeiro de 2019, tendo como referência a média histórica controlada pelo departamento da Cooxupé, choveu apenas 47% do esperado no cerrado de Minas Gerais; 43% na média mogiana do Estado de São Paulo e 41% no sul de Minas. Somando essas três regiões, a média do volume de chuvas chegou a 43,2% em relação ao que deveria ter chovido.
O calor excessivo também é um fator preocupante. Enquanto a temperatura – de acordo com a média histórica – elevou 1 grau em janeiro de 2014, neste mesmo mês em 2019 a média histórica foi para 1,5 grau em toda área de ação da cooperativa. Além disso, os cafezais ficaram expostos a uma grande amplitude térmica cujas temperaturas mínima e máxima registraram 14 e 36 graus. “A associação destes fatores pode comprometer o metabolismo do cafeeiro, com intensidades diferentes, de acordo com as características de cada região”, alerta a cooperativa.
Considerando toda área de ação da Cooxupé, foram 1.649 horas em que as lavouras dos municípios ficaram expostas a temperaturas próximas às máximas ocorridas durante o mês de janeiro que, na maioria dos dias, ficou acima de 30 graus. O ideal para a produção do café arábica – tipo produzido pela Cooxupé – é de 18 a 23 graus.
“A cada grau acima dos 24, a planta reduz em 10% a sua taxa fotossintética. Nos horários em que ficaram expostos às temperaturas máximas, os cafezais tiveram o seu metabolismo bastante reduzido. Chuvas e temperaturas adequadas a partir de agora são de fundamental importância para que o processo de enchimento dos frutos (granação) ocorra de maneira satisfatória, pois é nesta fase que ocorre a definição do peso do fruto”, explica o coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos.
Estadão Conteúdo