O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) concedeu à Ufes seu primeiro Registro Nacional de Cultivares (RNC). O registro foi dado pela importância das pesquisas desenvolvidas na Universidade na área de cafeicultura e pela apresentação de uma nova cultivar de café conilon que foi batizada como Tributun, que significa “contribuição”. O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do país e o principal produtor da espécie conilon.
As cultivares são espécies de plantas que foram melhoradas devido à alteração ou introdução, pelo homem, de uma característica que antes não possuíam. Elas se distinguem das outras variedades da mesma espécie de planta por sua homogeneidade, estabilidade e novidade.
Os trabalhos que contribuíram para o registro foram coordenados pelo professor do Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas do Centro Universitário Norte do Espírito Santo (Ceunes), Fábio Luiz Partelli, que analisou as melhores mudas de café existentes no estado.
A Pesquisa
Em um primeiro momento, os materiais de pesquisa foram selecionados e propagados vegetativamente por estaquia, que consiste no plantio de pequenas estacas de caule, raízes ou folhas que, plantados em um meio úmido, se desenvolvem em novas plantas, e plantados em uma mesma lavoura, juntamente com genótipos (mudas) registrados, que são tradicionalmente cultivados na região. Estes foram utilizados como padrão de produtividade. O plantio experimental foi composto por mais de 25 genótipos. Dentre todos os materiais avaliados no ensaio – considerando características como produtividade, vigor, tamanho de frutos e resistência a pragas e doenças – foram selecionados seis, por serem considerados superiores e mais resistentes.
Durante a avaliação foi verificada boa adaptação dos genótipos às condições de cultivo. “Durante a pesquisa não foi verificado ataque severo das principais pragas e doenças, com as plantas mantendo-se vigorosas e com bom enfolhamento. A cultivar apresentou características desejáveis, sobretudo, alta produtividade, inclusive quando comparado a genótipos registrados e de grande aceitação entre os cafeicultores”, observou Fábio.
O professor Partelli ressalta ainda que não há uma necessidade do plantio das mudas em uma mesma lavoura. O agricultor, por exemplo, pode escolher um dos clones (mudas) como principal e usar outros como cruzadores, intercalando duas linhas de um e uma linha com materiais diversos, para garantir a fecundação plena da lavoura e que número de genótipos selecionados assegura um bom nível de fecundação cruzada.
Pode também, no mesmo plantio, utilizar outros genótipos de sua preferência. “Apesar do registro de seis genótipos, a equipe de trabalho enfatiza que o agricultor tenha a liberdade de plantar as mudas na forma que achar conveniente, desde que tenha uma orientação técnica. Esse fato facilita o manejo dos agricultores, proporciona liberdade nos plantios e uso de materiais de sua preferência e que estão mais disponíveis em cada região”, ressalta o pesquisador.
Participaram também dos trabalhos os engenheiros agrônomos João Antonio Dutra Giles, Gleison Oliosi, André Monzoli Covre, Adésio Ferreira e o agricultor Valcir Meneguelli Rodrigues.
Registro
O Registro Nacional de Cultivares (RNC) é o cadastro de cultivares habilitadas para a produção, comercialização e utilização de sementes e mudas em todo território nacional.
Sua importância deve-se à condição de ser um instrumento de ordenamento do mercado que visa proteger o agricultor da venda indiscriminada de sementes e mudas de cultivares não testadas ou validadas face às condições da agricultura brasileira. As cultivares são disponibilizadas ao agricultor com os mais recentes avanços da pesquisa em genética e melhoramento vegetal, transformadas em insumos, sob a forma de material de propagação.
Ceunes