O cenário da economia amedronta, é medonho, mas nem tudo está desabando. É raro, mas existe notícia positiva. Uma delas está na cafeicultura, atividade que responde por cerca de 44% da renda bruta total da produção agrícola do Espírito Santo.
Qual é a boa notícia? É que o preço pago pelo mercado pela saca de café arábica subiu um pouco. Apenas um pouco, mas isso beneficia o produtor, injeta mais algum dinheiro (não muito) na economia rural – em situação de grande dificuldade e incertezas. Deve melhorar, ainda que em medida muito acanhada, a arrecadação tributária, também combalida. Quanto ao conilon, o preço subiu levemente, e se mostra oscilante.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a alta do preço médio do café arábica ocorreu em março e se sustentou em abril, embora com menos intensidade. Tudo consequência da intensificação da demanda.
Apesar do fechamento de restaurantes, cafeterias e lanchonetes, verificou-se incremento das compras de café em pó, por parte das famílias. O povo (quem tem dinheiro) passou a estocar nesta quarentena, temendo futura escassez de oferta. A elevação do preço, sobretudo do arábica, alterou a estimativa da receita para a safra de café de 2020.
Em 16 de março último, esta coluna publicou o seguinte: “De acordo com a Embrapa Café (órgão do Ministério da Agricultura), o valor bruto das lavouras de café no Espírito Santo atingiria R$ 4,5 bilhões em 2020, o equivalente a 79% da receita a ser gerada por todas as lavouras no território capixaba (R$ 5,7 bilhões)” – o que acentua a importância do café para a economia estadual.
Mas, agora, o próprio Ministério da Agricultura divulga outros números, muito melhores. Pesquisa datada de 20 de abril indica que a safra de café de 2020 no Espírito Santo renderá R$ 5 bilhões. São R$ 500 milhões a mais do que na previsão do mês passado.
O novo montante que consta no documento é de R$ 5.047.832.975. É também uma elevação significativa em relação à receita bruta da colheita (arábica e conilon) de 2019 no território capixaba: R$ 4.428.365.637. Os novos valores saltam aos olhos, mas não repõem a defasagem, acumulada durante anos, dos preços do café.
Longe disso. Estes R$ 5.047.832.975 dividem-se assim: R$ 1.732.972.373 é referente ao café arábica; R$ 3.314.860.602 é o valor bruto esperado da produção do café conilon. A explicação está no tamanho das safras deste ano, no campo capixaba. A do conilon deve ultrapassar a dez milhões de sacas, enquanto a do arábica ficará um pouquinho acima de quatro milhões de sacas, segundo a Conab.
A Gazeta