O café canéfora está prestes a ser colhido no Brasil. Produtores buscam estratégias para prevenção ao coronavírus, que podem incluir o atraso nos trabalhos, solidariedade entre cafeicultores vizinhos e maiores cuidados para contratação de mão de obra.
As lavouras são consideradas um ambiente de menor risco, porém, cooperativas e instituições ligadas aos produtores já se mobilizam com a publicação de cartilhas sobre formas de combater a doença no maior produtor e exportador global de café.
Alguns até recomendam, à medida do possível, um adiamento dos trabalhos, com o objetivo de eventualmente deixar passar o pico da doença no País e obter melhor qualidade, realizando, então, a colheita de um maior número de grãos maduros, os “cerejas”, que são mais valorizados no mercado.
“Estamos pedindo para o produtor esperar um pouco mais pra colher o café. Se o produtor colher o fruto um pouco mais à frente, terá um percentual de cereja maior, aí vamos melhorar ainda mais a qualidade”, informou à Reuters o pesquisador Abraão Carlos Verdin Filho, coordenador técnico de cafeicultura no Incaper, órgão de assistência técnica do Espírito Santo. O pesquisador observou que, diferentemente do arábica, o grão do canéfora não descola facilmente dos ramos, o que também dá ao produtor mais tempo para a colheita.
O engenheiro agrônomo Enrique Alves, da Embrapa Rondônia, estado produtor dos “robustas amazônicos”, disse que alguns produtores de variedades muito precoces já iniciaram os trabalhos. “Tem algumas pessoas já colhendo, a grande maioria café fora do padrão de colheita. Tem colheita, mas não é representativo. A colheita começa na segunda quinzena de abril e o mês forte é maio”, relatou, ponderando que a recomendação é adiar.
“A atividade agrícola não tem como parar, não tem como dizer não vou colher. Se não colher, ninguém bebe café, o que posso fazer é: se posso esperar para colher o café mais maduro, e me organizar melhor, isso eu vou fazer, são estratégias”, acrescentou o agrônomo.
Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, como a colheita de arábica só começa na segunda quinzena de maio, o setor terá mais tempo de lidar com as preocupações relacionadas ao coronavírus. Além disso, ele explica que a variedade tem a vantagem de contar com colheita mecanizada na maior parte das áreas. “Temos tempo para ver como vai ser o comportamento da doença”, concluiu.
Reuters