A oferta de café brasileiro no curto prazo está limitada nos Estados Unidos e Europa, com importadores dizendo que algumas empresas de transporte estão reduzindo a disponibilidade de contêineres no maior produtor mundial. Exportadores brasileiros de café alertaram importadores que algumas empresas de transporte estão reduzindo a capacidade de contêineres em até 20 por cento para o norte da Europa, enquanto importadores dos Estados Unidos estão enfrentando oferta limitada em novembro e dezembro.
Enquanto alguns importadores atribuem a redução ao atraso na dragagem no porto de Santos, no Brasil, outros apontam para a queda nas comercializações em geral após um enfraquecimento da moeda brasileira em meio a um escândalo político. “Os grãos de cafés finos do Brasil em geral praticamente acabaram, aqui e especialmente na Europa”, disse Rodrigo Costa, diretor de comércio da Comexim USA.
Algumas empresas que transportam contêineres entre a América do Sul e norte da Europa disseram que estão reduzindo o número de embarcações usadas porque acreditam que há capacidade demais. Em um email visto pela Reuters, um exportador brasileiro disse que duas empresas de transporte irão reduzir o espaço em todas as embarcações com destino ao norte da Europa em 20 por cento e uma terceira companhia, em 5 por cento. O motivo não estava detalhado.
Um grande importador de café dos Estados Unidos estimou que isso se equivale a uma redução de 10 mil a 20 mil contêineres de café que deixa o Brasil a cada mês. “Você não consegue agendar um contêiner saindo do Brasil de agora até o fim do ano”, disse um importador dos Estados Unidos.
As exportações de café do Brasil em setembro ficaram inesperadamente baixas, queda anual de 24 por cento, segundo a associação de exportadores de café do país, Cecafé. Isso resultou em queda nos estoques e alta na demanda por café arábica natural do Brasil no mercado de curto prazo, disse o importador de café dos Estados Unidos.
“Os embarques de novembro estão sendo colocados em navios para fevereiro. É uma questão séria”, disse um importador de café da Europa. Como resultado, os diferenciais no mercado de curto prazo estão se estreitando, disse o importador, acrescentando que o preço de alguns grãos de qualidade fina do Brasil passaram de um desconto ante o contrato de referência “C” de Nova York para uma quase igualdade.
Há um amortecedor para importadores no momento: os estoques totais de café nos países importadores alcançaram uma máxima de oito anos em junho, segundo dados da Organização Internacional de Café (OIC). Os estoques certificados de café brasileiro na Bolsa de Futuros ICE estão acentuadamente mais altos do que há um ano.
Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, disse que seu fluxo tem estado normal até o momento, embora ele tenha ouvido que alguns outros exportadores tenham enfrentado atrasos ao embarcar café para o exterior. “Já que os estoques de café brasileiro na Europa e Estados Unidos têm caído recentemente, pode haver um problema com reabastecimento de estoques mais adiante”, disse Dias.
Eduardo Heron, diretor técnico da Cecafé, disse que enquanto os problemas relativos à disponibilidade de espaço estão sendo investigados, problemas no porto de Santos atrasaram os serviços de dragagem, forçando alguns navios a carregarem apenas 80 por cento de sua capacidade. “Como resultado, houve uma acumulação de contêineres que as companhias ainda estão lidando. Eles foram passados adiante para navios que estão chegando, atrasando as entregas”, disse Heron, acrescentando que o problema de dragagem já foi resolvido.
Reuters