Meeiros fazem a diferença na administração de propriedades

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Foto: Gustavo Louzada

Foto: Gustavo Louzada

Muito mais que um contrato de parceria com o proprietário da terra e divisão de lucros, é a autonomia e o cuidado das lavouras feita pelos meeiros. A qualidade de vida tem se destacado assim como a aplicação de técnicas corretas ensinadas pelos técnicos do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (SENAR-ES).

Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, o meeiro Frascisco Carlos Felix vem de família de produtores e tem exercido o legado do cuidado com a terra na Fazenda Bom Destino, em Jerônimo Monteiro, há 25 anos. Segundo o agricultor, a parceria o faz ser livre, e isso não exime o grande cuidado com a terra do proprietário Rodrigo Monteiro.

A propriedade possui oito mil pés de café Conilon que ficam aos cuidados de Chico, como é conhecido na região. O acompanhamento do tecnólogo em Cafeicultura do SENAR-ES, Pedro Henrique Coelho, trouxe mudanças visíveis na qualidade da planta. “Trabalhávamos a poda e a desbrota de forma errada e agora posso afirmar que aprendemos a forma correta e estamos em condições positivas para produzir, basta o clima ajudar”, declara Chico.

Para André Luiz Felix da Silva, meeiro que cuida da outra parte da Fazenda Bom Destino, com quatro mil pés de café, o destaque na propriedade fica com a forma correta de anotar tudo que é feito e gasto na propriedade, fazendo a correta administração, além de ter aprendido a dosagem correta de remédios no cafezal, segundo as orientações da assistência técnica.

CASTELO

Ainda ao Sul do Estado, no Sítio Santa Clara, em Castelo, a parceria para o cultivo de café em 32 hectares do proprietário Ivaldo Frossard é outra prova de que é possível evoluir no campo. São cerca de 30 mil pés de café, que em uma colheita boa rendem 700 sacas de Conilon por ano.

A propriedade herdada do avô existe desde 1978, e hoje conta com o auxílio de cinco parceiros, todos residentes na localidade. Os grãos são comercializados no próprio município, e com o Programa ATeG, a lavoura só tem crescido. “Além dos cursos do SENAR-ES de poda e qualidade do café, os cálculos de todos os custos têm feito diferença. Tudo é anotado e acompanhado. Sobre os meus parceiros, só posso afirmar que tudo ocorre em excelente divisão, principalmente as responsabilidades”, declara Ivaldo.

Um de seus meeiros, Mário Soares Rigão, atua há 25 anos na propriedade, reside na propriedade com a esposa e destaca já ter adquirido bens que pensava impossível. “Eu já tenho minha terra aqui perto, meu carro e duas motos. Tudo fruto de muito trabalho aqui cuidando do café como se fosse meu mesmo. No fim, o retorno é gratificante. Não é nada obrigado, é um trabalho exercido com muito cuidado, paciência e é claro, muita dedicação”, destaca.

A equipe do ATeG conta com técnicos agrícolas, tecnólogos em cafeicultura e dois engenheiros agrônomos. Um deles é o Luiz Alberto Nunes, que desde o início do Programa, tem observado mudanças positivas nas propriedades. “A postura do produtor é o que mais tem se destacado. Vemos a parceria nas propriedades com bons olhos, pois a liberdade do trabalhador na lavoura é maior e tem se tornado uma oportunidade de prosperar, se forem bons empreendedores”, ressalta.

O engenheiro pondera que o Programa ATeG veio trazer ao produtor uma visão de negócio, a fim de conhecer onde está gastando, como, e o que está trazendo de retorno. Ele completa que, tecnicamente, os pontos mais importantes até aqui tem sido “análise de solo, para diminuir desperdício da adubação; anotação de tudo que é gasto, administrando as lavouras; renovação dos cafezais”, completa.

Ainda segundo Luiz Alberto, é importante que os meeiros também participem das capacitações, pois eles são peças chave no crescimento dos empreendimentos rurais.

ATeG NO ES

Atualmente são assistidos 345 produtores rurais pelo ATeG, na cultura de café, no Sul do Espírito Santo. A coordenadora do Programa, Cristiane Veronesi, destaca que o ATeG é um dos instrumentos que veio para alavancar a competitividade do setor primário.

“Já somos modelo para Minas Gerais, que neste mês de agosto enviou uma comitiva para conhecer como trabalhamos a assistência aqui no Estado. Mas temos muito o que avançar, para chegarmos em mais propriedades, visto que hoje nosso percentual de cobertura é de 15% de adesão dos produtores”, destaca.

O Espírito Santo conta com um complemento no ATeG: a ferramenta ISA – Indicadores de Sustentabilidade Agroecológica, onde o técnico de campo junto com o produtor conseguem ver os três pilares fundamentais para o sucesso no campo, o social, o ambiental e retorno financeiro.

 

Mônica Caser

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