O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) lançou na última quinta-feira (04) uma nova tecnologia de manejo dos cafés de montanhas. Trata-se da Poda Programada de Ciclo em Café Arábica (PPCA), que oferece uma série de vantagens ao produtor rural, como redução média de 50% nos custos com mão de obra, aumento superior a 28% na produtividade média da lavoura e facilidade de execução, dentre outras.
A solenidade de lançamento da tecnologia foi realizada na Escola Família Agrícola de Brejetuba, e contou com a presença de centenas de participantes, como produtores, técnicos, autoridades e demais interessados em conhecer a nova técnica de manejo. O pesquisador do Incaper Abraão Carlos Verdin Filho apresentou os detalhes da técnica e o resultado das pesquisas. Após a solenidade, foi realizado um Dia Especial, na propriedade do cafeicultor José Côco Camporez, para que todos pudessem observar na prática a nova tecnologia de manejo.
“Esta é mais uma tecnologia que proporciona sustentabilidade e segurança ao produtor. A Poda Programada de Ciclo em Café Arábica não vem substituir as técnicas de poda que já existem para a cafeicultura de arábica. É mais uma opção para o produtor de base familiar”, disse Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura.
Alguns produtores rurais que se disponibilizaram a adotar a técnica ainda na fase experimental compartilharam suas experiências. “Esta tecnologia vai revolucionar a nossa cafeicultura. Eu confiei na experiência do Incaper e foi a melhor colheita que eu já fiz. Pra mim, essa é a melhor tecnologia dos últimos anos dentro da lavoura”, disse Pedro Carnielli, cafeicultor de Venda Nova do Imigrante.
Solenidade de lançamento
A solenidade de lançamento da Poda Programada de Ciclo em Café Arábica foi realizada na última quinta-feira (04) na Comunidade de Córrego Vargem Grande, em Brejetuba. Produtores, técnicos, autoridades e demais interessados em conhecer a nova técnica de manejo, vindos de várias partes do Brasil, participaram da solenidade.
“Nós do Incaper estamos cumprindo a obrigação de desenvolver tecnologias que garantem mais sustentabilidade à produção agrícola capixaba. A mão de obra, por exemplo, está cada vez mais escassa no campo. Isso é um problema, porque gera custo para o produtor. Esta nova tecnologia que está sendo apresentada aqui permite avançar também na qualidade. Agregação de valor ao produto, produzindo café de qualidade, com redução de custos são linhas mestras para concorrer neste mercado tão competitivo”, pontuou Marcelo Suzart de Almeida, diretor-presidente do Incaper.
O chefe geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, destacou a atuação do Consórcio Pesquisa Café, do qual o Incaper é membro. “Trabalhamos desta forma, buscando soluções inovadoras para que o produtor possa se empoderar destas tecnologias e, consequentemente, alcançar melhores resultados, com sustentabilidade. Esta é uma inovação decorrente da vivência que os pesquisadores têm na cultura do café. Um procedimento inédito; não se conhecia essa forma de manejar uma planta do arábica. Pelos resultados apresentados, vamos conseguir um incremento maior, vamos agregar valor à produção e, inclusive, fazer um café com ainda melhor qualidade”, disse Bartholo.
“Este é um momento ímpar na cafeicultura nacional e mundial, um momento de revolucionar a cafeicultura de arábica, como já foi feito com o conilon. Temos muito a agradecer a todos os que se envolveram nos trabalhos de pesquisa e de extensão para desenvolver e validar as propostas que culminaram nesta nova técnica”, disse Mauro Rossoni Júnior, diretor-técnico do Incaper.
Sobre a PPCA
A Poda Programada de Ciclo no Café Arábica é uma tecnologia de manejo da cultura, procedente de resultados de pesquisa que vem sendo desenvolvida pelo Incaper desde 2008. O novo sistema de poda foi desenvolvido com base nos princípios utilizados para o estabelecimento da poda programada de ciclo para o café conilon. De acordo com o pesquisador do Incaper Abraão Carlos Verdin Filho, os trabalhos tiveram início em Baixo Guandu, com a parceria do produtor Ademar Luiz Fransskoviak. Ele demonstrou bastante interesse pela forma da poda programada do café conilon e sobre a possibilidade de aplicar essa mesma forma no café arábica.
“Em 2008, iniciamos um experimento com seis tratamentos de poda nas lavouras de arábica da propriedade do agricultor Ademar. Como a poda no café conilon pode proporcionar aumento na produção de café, buscamos saber, por meio dessa pesquisa, de que maneira o café arábica se comportaria diante desse manejo, adaptado a suas peculiaridades. Dessa forma, levantou-se a seguinte hipótese: será que essa técnica aplicada no conilon também teria bons resultados no arábica? Foi justamente o que pesquisamos e, posteriormente comprovamos, após a realização das avaliações experimentais na propriedade de Baixo Guandu e em outras Unidades Avançadas conduzidas em diferentes condições no Estado”, informou Verdin.
“Tenho a felicidade de produzir conilon e arábica. Pra mim, ficou fácil aderir a essa nova tecnologia porque eu já tinha visto que no conilon respondeu muito bem. Quando o Incaper apresentou a possibilidade de fazer a mesma coisa no arábica, abraçamos isso. O conilon tinha alta produtividade justamente porque a gente maneja a planta. Vejo a Poda Programada de Ciclo em Café Arábica como algo promissor”, pontuou Luiz Carlos Gomes, produtor rural de Santa Teresa, durante a solenidade.
A Poda Programada de Ciclo para o Café Arábica(PPCA) foi inicialmente trabalhada em altitude próxima a 700 m e atualmente está em fase de validação nos demais ambientes zoneados para a cultura no Estado, notadamente nos ambientes situados entre 700 a 1100 m de altitude.
O objetivo é oferecer ao produtor rural uma alternativa mais sustentável de manejo das lavouras de café arábica, que proporcione maior longevidade, com manutenção de seu potencial produtivo. Após sucessivas colheitas é comum observar a campo, a perda de vigor dos ramos, que se tornam pouco produtivos, paralelamente com o aumento da altura das plantas.
Nesta fase, é de fundamental importância a adoção de práticas de manejo das plantas que visem recuperar o vigor das lavouras, como o uso de diferentes sistemas de podas para o cafeeiro. Várias metodologias de condução de plantas têm sido estudadas no Incaper, como o desafio de um manejo diferenciado da cafeicultura de arábica de montanha. Os estudos culminaram com o lançamento da Poda Programada de Ciclo em Café Arábica (PPCA).
Principais vantagens da PPCA:
– Redução média de 50% de mão de obra na colheita manual.
– Mais uniformidade das floradas e da maturação dos frutos.
– Aumento superior a 28% na produtividade média da lavoura em 5 colheitas.
– Elimina a safra zero na renovação da lavoura.
– Facilidade de entendimento e execução.
– Padronização do manejo da poda.
– Mais facilidade para realização da desbrota e dos tratos culturais.
– Menor pressão e melhoria no manejo de pragas e doenças.
– Mais estabilidade de produção na lavoura.
– Mais facilidade para realização da colheita.
– Possibilidade da colheita semimecanizada.
Juliana Esteves