A busca por qualidade e excelência na produção do café conilon no Espírito Santo é um trabalho que vem de muitos anos e conta com a parceria entre cooperativas, produtores, entidades representativas e técnicas. E agora o grão capixaba poderá ter o reconhecimento nacional de procedência. Isso porque em janeiro de 2020 foi aberto o processo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para o pedido de registro de reconhecimento de Indicação de Procedência ESPÍRITO SANTO para o Café Conilon.
Produzido de norte a sul do Espírito Santo, os produtores de café conilon têm se empenhado em buscar tecnologia, investido em técnicas de cultivo, colheita e torra, sempre visando a qualidade do grão produzido em terras capixabas.
A possibilidade de conquista do registro junto ao INPI é comemorada pelas cooperativas do Espírito Santo e entidades representativas dos produtores. O Sistema OCB/ES participou do processo de levantamento de informações para registro e percebe o selo de Indicação Geográfica como resultado de anos de trabalho em defesa do café conilon de qualidade.
Para o analista de Mercado e responsável pelo setor do café no Sistema OCB/ES, Alexandre Ferreira, a cafeicultura capixaba vem se colocando à frente no que versa sobre o desenvolvimento de técnicas de produção do conilon para oferecer cafés de qualidade e defender o grão capixaba no mercado. “O Espírito Santo tem a cafeicultura mais desenvolvida do Brasil no que tange, principalmente, a cultura do Café Conilon. Buscamos tecnologia suficiente para o aumento da produtividade para garantir a qualidade do nosso produto”, destacou o analista.
Alexandre também destacou o importante papel desempenhado por quatro cooperativas capixabas na busca pela validação da Indicação Geográfica junto ao INPI. As cooperativas CAFESUL, COOABRIEL, COOPBAC e COOPEAVI lideraram o processo. Juntas, elas organizaram e constituíram a Federação dos Cafés do Espírito Santo (FECAFÉS), entidade representativa dos produtores de cafés do estado.
“Esse foi um trabalho que desenvolvemos durante dois anos para criar a nossa Indicação Geográfica por Indicação de Procedência. Isso visando a garantia de origem e preservação da qualidade do Café Conilon. Uma conquista das nossas cooperativas e do produtor capixaba”, destacou o analista do Sistema OCB/ES.
“Sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente, mas tenho certeza de que preservaremos o pioneirismo da cafeicultura do nosso Conilon Capixaba”, finalizou Alexandre Ferreira.
Para o gerente de Desenvolvimento Cooperativista do Sistema OCB/ES, Valdemar Fonseca, a Indicação Geográfica consolida o café conilon como parte essencial do Espírito Santo, que apresenta um produto que faz parte da história do estado e dos produtores.
“A indicação geográfica dá significado ao café, incorpora no seu valor a cultura e a história de uma região. Ao consumir um café com Indicação Geográfica, você não está bebendo apenas uma xícara de café, você está provando de uma cultura regional, algo que tem alma, história e que consolida em um conceito a mais, uma experiência”, destacou o gerente.
O superintendente do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira, que acompanha o cooperativismo capixaba há mais de 20 anos, enxerga no processo de Indicação Geográfica para o café conilon do Espírito Santo como uma conquista para o modelo de negócio cooperativista, que é diferenciado. O potencial de crescimento dos produtores de conilon e o consumo do grão, agora com o selo de qualidade e origem, coloca as cooperativas capixabas que produzem café conilon em outro patamar.
“Nós, da Diretoria Executiva do Sistema OCB/ES, temos orgulho de nossas cooperativas. Em se tratando do café, principal produto agrícola do nosso estado, ficamos ainda mais reluzentes ao ver um projeto tão importante sendo liderado com DNA cooperativista. Nosso modelo de negócio é diferenciado e essas características estarão ainda mais consolidadas com a qualidade de nossos produtos e a garantia das nossas origens, agregando um conceito sólido e fazendo toda diferença para os produtores cooperados”, salientou o superintendente.
Presidente da FECAFÉS e da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (COOABRIEL), Luiz Carlos Bastianello comemorou a abertura do processo para conquista do selo e explicou que o resultado significa que os produtores terão proteção quanto ao seu produto, trazendo garantias de qualidade para o consumidor interno e externo.
“A Indicação Geográfica, na modalidade Indicação de Procedência, traz proteção aos produtores de um produto já notório, proporcionará a garantia da qualidade aos consumidores deste produto e consequentemente estimulará o consumo interno e a exportação”, explicou Bastianello.
Ter a Indicação Geográfica como ferramenta de extrema importância para a proteção do trabalho do produtor também é o que destaca o presidente da Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (COOPEAVI), Denilson Potratz. Para ele, o reconhecimento da Indicação Geográfica por Indicação de Procedência é fruto das ações desenvolvidas há anos pelos produtores do Espírito Santo em busca de melhoria da qualidade do café.
“Para defender o nosso produto capixaba, a qualidade, esta ferramenta é imprescindível. E para nós, é de grande valia no sentido de proteger os nossos produtores e oferecer uma garantia para o nosso consumidor de um produto de qualidade e original”, destacou Potratz.
Renato Theodoro, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (CAFESUL), falou que a iniciativa coletiva das cooperativas e dos produtores de conilon é um marco na história do café no Espírito Santo. Para ele, essa certificação chancela a busca dos produtores de conilon por reconhecimento do seu modelo de produção.
“Nós estamos trabalhando a questão da qualidade há alguns anos para mostrar para o mundo que nós temos na nossa região do Espírito Santo um conilon de excelente qualidade. E essa indicação é resultado do trabalho desempenhado pelos produtores”, comemorou Theodoro.
Do ponto de vista da agricultura familiar, o presidente da Cooperativa dos Produtores Agropecuários da Bacia do Cricaré (COOPBAC), Erasmo Negris, o café conilon está na essência do produtor rural capixaba, é base de sustento de muitas famílias. E o processo de Indicação Geográfica poderá trazer benefícios a toda cadeia produtiva, retorno financeiro e reconhecimento. Isso além de ser considerado por ele um divisor de águas na cafeicultura.
“O café conilon está na alma do produtor capixaba. E, certamente, a Indicação Geográfica trará novas formas de manejo no trato do café. Esperamos que com o reconhecimento desta IG, nós consigamos ter acesso a novos mercados e melhores preços, remunerações para os produtores”, destacou Negris.
O Governo do Espírito Santo tem se preocupado em incentivar a produção do café conilon de qualidade e a extensão do mercado do café. A cada ano, o produto capixaba tem ganhando cada vez mais visibilidade como resultado de um trabalho conjunto entre produtores, entidades representativas e Governo.
Em 2019, o Espírito Santo ficou com a primeira colocação no concurso Coffee of the Year, que acontece todos os anos na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte – MG, com o café conilon do cooperado da Cafesul, Luiz Cláudio, bicampeão na categoria. O evento contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura do Espírito Santo Paulo Foletto e do governador do Estado Renato Casagrande.
Para o secretário Foletto, a Indicação Geográfica do café conilon consagra um trabalho em conjunto daqueles que estão no entorno da busca pela qualidade do café capixaba, na questão técnica e também no apoio ao produtor.
“Importante passo para a cafeicultura capixaba. A IG do café conilon vem para coroar o trabalho intenso do Governo do Estado por meio da Secretaria de Agricultura e Incaper, que atuam fortemente para promover o melhoramento da qualidade da bebida. É mais uma oportunidade de agregação de valor ao nosso produto, o que vai abrir as portas para o mercado externo. O Espírito Santo é o maior produtor de café Conilon do Brasil e um dos maiores do mundo. Além de ser um produto de extrema importância para o desenvolvimento regional, atua na valorização do cafeicultor”, ressaltou o secretário de Agricultura Paulo Foletto.
O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é o órgão responsável por dar apoio e promover soluções tecnológicas e sociais aos produtores rurais, buscando o desenvolvimento do setor. No ramo do café, o Estado é pioneiro na produção de tecnologias, com variedades de informação sobre manejo, poda, irrigação e nutrição. É o que destaca o Coordenador Estadual de Cafeicultura do Incaper Abrão Verdin, que aponta o Espírito Santo como referência no desenvolvimento de estratégias em busca de qualidade na produção.
“O Espírito Santo é referência quando o assunto é variedade técnica na produção e manejo do café. E a partir de 2018, o café conilon capixaba ganhou muitos prêmios e ficamos em evidência por causa da qualidade do nosso café. Isso demonstra um forte crescimento na produção de qualidade. Nesse sentido, as origens dos cafés são de suma importância para o Estado, para o café e para os produtores”, disse.
O Incaper ajudou na elaboração do caderno de propostas para a Indicação Geográfica e a busca pela padronização do café conilon. De acordo com o registro de reconhecimento, somente cafés com acima de 78 pontos poderão utilizar o selo de Indicação Geográfica. Segundo Verdin, a identificação da origem do café demonstra a regionalização do grão, uma marca de valorização e reconhecimento. “Com a IG, nosso café passa a ser conhecido mundialmente. O produtor consegue agregar valor ao seu café. A origem é o reconhecimento do trabalho de muita gente, do Incaper e das instituições parceiras”, destacou.
Com o papel de coordenação dos trabalhos na parte documental, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (SEBRAE/ES) auxiliou o processo de levantamento de dados e construção normativa para a solicitação do registro da Indicação Geográfica. De acordo com a assessora do SEBRAE/ES Christiane Castro, o processo foi organizado de modo a normatizar e garantir a efetividade da solicitação, resultando na aprovação da Indicação Geográfica ESPÍRITO SANTO.
“Foi preciso fazer levantamentos históricos, reunir evidências, coordenar o grupo gestor da IG, produzir peças do processo a serem apresentadas ao INPI, como o Plano de controle, o Caderno de Especificações Técnicas, instituição do Conselho Regulador, etc. Tudo isso visando normatizar; garantir a conformidade do processo e do produto com o padrão de qualidade exigido, bem como possibilitar a rastreabilidade do café”, destacou Christiane Castro.
A organização da Indicação Geográfica é um elemento de relevância para o mercado do café. Isso porque o consumidor está cada vez mais exigente e por dentro do processo de produção do produto. Além disso, com a IG, os territórios também ganham visibilidade, se tornando atrativos turísticos e movimentando a economia local. “A Indicação Geográfica é um instrumento que além e garantir a origem, que passa a ser importante para o território e produtos com notoriedade, também garante um padrão de qualidade. E mais, tudo se reverte em negócios, ampliação de mercados e geração de renda”, apontou a assessora do SEBRAE/ES.
Consultor responsável por prestar assistência no processo de registro de reconhecimento de Indicação de Procedência, Gabriel Fabres Belique relembrou o processo de constituição da FECAFÉS como elemento essencial para a abertura do pedido de reconhecimento da Indicação Geográfica. Ele ressalta os dois anos de trabalho dedicados ao levantamento de informações e a proatividade das cooperativas nas tomadas de decisão.
“As cooperativas COOABRIEL, COOPEAVI, COOPBAC e CAFESUL tiveram a iniciativa de formalizar a entidade representativa e formar um Comitê Gestor para realizar o alinhamento das estratégias, organizar a documentação e ficar à frente do processo”, disse o consultor, que destacou o intermitente apoio técnico de diversas instituições como SEBRAE/ES, INCAPER, OCB/ES, IFES, MAPA, EMBRAPA, CETCAF-ES, FECAFÉS e Instituto Inovares.
Saber a origem dos grãos, o processo de produção e o investimento feito pela qualidade do café tem sido requisitos cada vez mais cobrados pelos admiradores da bebida. Para a diretora da revista Espresso e da Semana Internacional do Café, Mariana Proença, a Indicação Geográfica por Indicação de Procedência, em processo de análise, consiste em uma marca importante tanto para o produtor quanto para o consumidor final. Segundo a especialista, a IP chega em um momento em que a informação sobre o café impacta diretamente no consumo e qualifica a produção.
“A Indicação de Procedência do Conilon Capixaba é uma conquista de grande importância para a região e para os produtores familiares capixabas. Junto com a IP vem a história do conilon no estado e a oportunidade de construir uma narrativa para o consumidor final que ainda não conhece a origem dos grãos que consome. A IP chega no momento em que os apaixonados por café querem mais informação, rastreabilidade e acesso aos produtos de qualidade. Quando iniciamos em 2016, de forma inédita, o prêmio nacional Coffee of The Year com a categoria conilon pouco se falava em canéforas especiais. É com muito entusiasmo que vejo essa conquista como uma grande oportunidade para o Conilon Capixaba alçar voos ainda maiores no mercado de café”, disse Mariana Proença, diretora da Espresso e da Semana Internacional do Café.
A abertura do processo de solicitação do registro por Indicação de Procedência é o primeiro passo para conseguir o selo de Indicação Geográfica. Agora, a documentação passará pela análise do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
OCB/ES