Problemas climáticos, aumento de consumo e incremento nos blends nas principais marcas mundo afora contribuíram com o resultado
Os cafés das variedades conilon e robusta registraram em outubro seu segundo melhor desempenho para um único mês na história, um crescimento de 479,5% sobre o mesmo período em 2022, contribuindo com a alta de 21,8% no volume das exportações brasileiras de café. Foram enviadas ao exterior 662 mil sacas, conforme dados do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, destaca que problemas climáticos na Indonésia e no Vietnã, por exemplo, bem como a tendência de aumento de consumo, tendo em vista incremento nos blends nas principais marcas mundo afora, se refletem nesses resultados.
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Apesar do café arábica permanecer como o mais exportado, entre janeiro e outubro de 2023, representando 79,1% do total, a variedade canephoras (conilon + robusta) teve o correspondente a 3,265 milhões de sacas embarcadas, com representatividade de 10,7%, seguida pelo segmento do solúvel com 3,081 milhões de sacas (10,1%), cuja matéria prima é majoritariamente o conilon, e finalmente pelo produto torrado e torrado e moído, com 41.733 sacas (0,1%).
Esses números mostram a capacidade do produtor brasileiro de entregar o seu café conilon e robusta onde for demandado, não se limitando somente ao consumo interno, que é extremamente significativo, conforme aponta o presidente.
“A promoção do café conilon de qualidade, seja por parte de produtores, cooperativas, entidades privadas ou públicas, tem colaborado muito para esse resultado. Fato é que os ganhos do conilon com produtividade, qualidade, menor custo de produção e, portanto, preços mais acessíveis do que o arábica, o credencia como efetivamente capaz de absorver o aumento de demanda em todos os segmentos e, assim, é mais confiável para as indústrias e para os consumidores em todos os países, consumidores estes cada vez mais habituados à presença dos diferentes atributos dos canéforas na xícara, quer em blends ou isolados”, disse.
O que também têm contribuído com este cenário são os preços praticados, cuja relação versus custo de produção é atualmente mais favorável do que a do arábica.
Com o aumento da demanda e em função do El Ninõ, não se vislumbra possibilidade de queda substancial nos preços dos canéforas, mas, sim, consolidação em médio e longo prazos. A justa remuneração aos produtores continuará incentivando-os a incrementar a produção, com foco em ESG, para atender ao aumento desta demanda pelos canéforas, inclusive o conilon capixaba.
“Os preços de conilon praticados hoje, na ordem de R$ 650, estão relativamente próximos aos preços do arábica, na faixa de R$ 850 a R$ 900,00. Obviamente que o estreitamento dessa arbitragem ocorreu em função da recuperação da safra 23/24 do arábica frente às safras 21/22 e 22/23 e dos impactos climáticos na Indonésia e Vietnã, respectivamente terceiro e primeiro maiores produtores mundiais de canéforas. Tais fatores vêm se refletindo diretamente no comportamento das Bolsas de NY e Londres”, pontua Márcio.
Avanços
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas o que o presidente observa é que a qualidade dos conilons e robustas brasileiros têm avançado bastante, confirmando que café bom é aquele que atende o gosto do consumidor, oferece diferentes experiências positivas e cumpre com as exigências ESG, no Brasil e no exterior.
“Se analisarmos o avanço da qualidade dos arábicas do Brasil, hoje comparados aos melhores do mundo, podemos concluir que o futuro do conilon é extremamente promissor, a ser alcançado com bastante investimento em ciência e tecnologia, rastreabilidade, boas práticas agrícolas e respeito aos critérios ESG.