Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York encerraram a sexta-feira com leve alta, mas sem representar um alívio para a pressão sobre os papeis de prazo mais curto, que não superaram a barreira de US$ 1 por libra-peso. Analistas de mercado falam em indicadores técnicos negativos e na taxa de câmbio como fatores para a atual situação da cotações.
As variações nos primeiros contratos foram de 65 pontos, o que representa menos de um cent de alta. Maio fechou cotado a US$ 0,9780 por libra-peso, chegando a operar a US$ 0,96 durante o dia. Julho fechou em US$ 1,0045 por libra, próximo da máxima do dia. Na mínima da sessão, a negociação com entrega para daqui quatro meses chegou a US$ 0,99.
“Foi um ajuste por causa de um real um pouco mais firme”, avalia Rodrigo Costa, diretor de trading da Comexim, nos Estados Unidos. Na sexta-feira (15/3), o dólar caiu em relação ao real no câmbio comercial, cotado a R$ 3,82.
O arábica vem caindo pelo menos desde do final de janeiro. O contrato de maio registrou a máxima do ano em 24 de janeiro: US$ 1,0990 por libra. De lá até a sexta-feira (15/3), acumulou baixa de 11,01%. Em 2 de janeiro, tinha ajustado para US$ 1,0265. Julho não é diferente. Desde a máxima de 2019, de US$ 1,1265 em 25 de janeiro, caiu 10,83%. Na primeira sessão do ano (2/1), tinha fechado a US$ 1,0545.
Para Rodrigo Costa, a tendência é dos preços se manterem em patamares mais baixos, podendo operar em níveis inferiores a US$ 1 por um período de até dois anos. A não ser que haja um evento climático significativo para a produção de café ou uma mudança de patamar nas taxas de câmbio.
Ele lembra que importantes produtores, como Colômbia e Vietnã, estão exportando grandes volumes. O Brasil registrou novo recorde mensal em fevereiro, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé): 3,4 milhões de sacas de 60 quilos. Na safra 2018/2019 (julho-fevereiro), foram 27,9 milhões e, em 12 meses, de 37,2 milhões de sacas.
“O mercado não tem nenhuma pressa de subir, seja pela disponibilidade recente, seja pela futura. Embora o Brasil vá entrar em um ano-safra deficitário em 2019/2020, há estoque e, com um prognóstico de clima normal, pode haver um novo recorde de produção daqui dois anos”, analisa.
Em balanço semanal, o Conselho Nacional do Café (CNC) destaca que a situação reflete no mercado físico brasileiro. Neste mês o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), acumula alta de 0,57%, mas se mantém abaixo dos R$ 400 por saca de 60 quilos. Em fevereiro, a referência baseada em São Paulo teve queda de 4,44%.
Nesta semana, representantes do CNC se reuniram com o governo para tratar de medidas para minimizar os efeitos dos atuais níveis de preços. Segundo a entidade, as alternativas discutidas foram o lançamento de contratos de opção ou leilões de prêmio de escoamento e equalização de preços (PEP e Pepro).
Para o Escritório Carvalhaes, a situação atual do mercado traz um ambiente de preocupação para a cafeicultura brasileira. Em boletim semanal, a empresa destaca que, em função do movimento internacional, o fechamento de negócios no mercado físico foi “difícil e “limitado”.
Ainda assim, foi possível encontrar um cereja descascado de bom preparo a valores entre R$ 440 e R$ 410 a saca. A mesma faixa de preços foi praticada para cafés finos a extra finos de Minas Gerais e da região da Mogiana Paulista. Um grão de bebida dura e bem preparado saía de R$ 385 a R$ 395 a saca.
Globo Rural