O Café do Caparaó pode figurar na lista de Indicações Geográficas (IG’s) reconhecidas no Brasil, na modalidade Denominação de Origem (DO). Agricultores capixabas e mineiros já fundaram a Associação de Produtores de Cafés do Caparaó e estão em processo de solicitação do registro junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). No Espírito Santo, essa será a primeira DO.
Com a Denominação de Origem (DO), o Café do Caparaó poderá ser reconhecido pela reputação, qualidade e pelas características vinculadas ao local, mostrando que a região se especializou e tem capacidade de produzir produtos diferenciados e de excelência.
De acordo com o INPI, a Indicação Geográfica (IG) identifica um produto como originário de uma região ou localidade, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à origem geográfica.
Denominação de Origem (DO) do Café do Caparaó
Existem duas modalidades de IG, a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO). A primeira indica o nome geográfico que tenha se tornado conhecido pela produção ou fabricação de determinado produto ou prestação de determinado serviço. A segunda indica o nome geográfico do local que designa o produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam essencialmente ao meio geográfico, incluídos os fatores naturais e humanos.
De acordo com o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)/Embrapa Café, Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, o Café do Caparaó é passível de ter o reconhecimento de sua Denominação de Origem (DO) por suas características distintas e de notoriedade no âmbito da produção de cafés.
“O Café do Caparaó é um produto nobre, não apenas por ser produzido nessa região geográfica, mas também pela história e tradição das pessoas que produzem esse café, pelo saber fazer e pelo reconhecimento de sua qualidade. A combinação de fatores como clima, solo e o modo de fazer o café resultam em um produto único, com notável equilíbrio na acidez, na doçura e nos aromas”, falou Aymbiré.
De acordo com o parecer técnico do Comitê de Estudos para Delimitação da área das Indicações Geográficas Caparaó e Matas de Minas para Café, a notoriedade do diferencial qualitativo do café produzido nos municípios da região do Caparaó se dá, sobretudo, nas áreas acima de 800 metros de altitude. Os limites mínimos para pontuação da qualidade do café são de 84 pontos SCAA para o Caparaó.
“Esse diferencial de qualidade do café produzido acima de 800 metros é atribuído pelos produtores da região às condições ambientais presentes nessa altitude, aliadas ao manejo adequado no processo produtivo. Os produtores relataram um sentimento de pertencimento à região do Caparaó, elementos que credenciam o Café do Caparaó a requerer o registro de IG na modalidade DO”, explicou Aymbiré.
A qualidade do Café do Caparaó já adquiriu notoriedade no mercado interno, fato comprovado pela grande e crescente demanda e presença em várias redes de cafeteria espalhadas pelo Brasil e pelos resultados nos concursos de qualidade de café em âmbitos estadual e nacional. Com a obtenção do registro da Indicação Geográfica, os consumidores podem associar a origem do produto a sua alta qualidade e, como resultado, pode haver maior valorização do produto.
Municípios envolvidos
A Denominação de Origem (DO) para o Café do Caparaó inclui, em princípio, 15 municípios localizados no entorno do Parque Nacional do Caparaó, sendo nove do Espírito Santo (Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Alegre, Muniz Freire, Ibitirama, Iúna, Irupi e Ibatiba) e seis de Minas Gerais (Espera Feliz, Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Alto Jequitibá e Martins Soares).
IG’s Capixabas
Entre os produtos do Espírito Santo que possuem certificação de origem estão o Cacau em amêndoas, de Linhares; as Paneleiras de Goiabeiras, de Vitória; e o Mármore, de Cachoeiro de Itapemirim. Além do Café do Caparaó, outras solicitações estão em andamento, como o Socol de Venda Nova do Imigrante, a Carne de Sol do Extremo Norte Capixaba e o Inhame de São Bento de Urânia (Alfredo Chaves).
Luciana Silvestre Girelli